quinta-feira, fevereiro 18

Perguntas, pra quê?


A grandiosidade pode nascer de coisas simples. Estava a pensar sobre uma conclusão de perguntas simples que me foram feitas sobre qual seria o melhor e o pior dia da minha vida. É lógico que um filme da vida dotou de cores meu imaginário e como não podia deixar de ser eu me restei na dúvida, não presenciei um impasse entretanto, e bem de longe percebi que nesta ocasião não teria uma resposta. Eu sabia que não encontraria e mesmo se encontrasse saberia que poderia ser uma resposta efêmera. Ao mesmo tempo, me detive na insatisfação de que uma vida não pode viver na constante inópia do melhor dia. Assim, questionei o que tinha posto como resposta e nela me contentei. Na solução então encontrei o hoje, que não acaba no seu momento, na sua hora e que é onde resta a tangibilidade da vida. Resta melhor e mais adequada não há. De um todo, haverá dias maravilhosos, talvez de sensibilidade repetida, talvez sem igual, mas todos dotados de uma singularidade que não deixa espaço para comparações e daí, têm-se então, a própria dita verdade.
O pior então, não poderia ser escolhido a dedo, e também impossível de ser comparável. O pior dia não é tangível a si próprio porque nele está a inação, a inevida, a não-vida. O próprio sentido do dia impede que seja rejeitado seu valor. Na vida não há o pior quando o pior é não tê-la. E só há nela o melhor, porque a vida é uma dádiva materializada no dia, no hoje, no agora e que se basta numa materialização memorada. O pior dia é aquele que nos é tirado a própria arte de respirar, de bater o coração e de pensar. É onde resta o silêncio, quando a solidão se plenifica e o que não nos é sentido. O pior dia se fecha em si mesmo, para uma eterna noite, quando o Sol morre, outras estrelas ofuscam e retomam o seu brilho. Não existe Lua, não existe Terra, entraremos indefinida e rapidamente para toda uma imensidão. Mas esse pior dia só poderia assim sê-lo na vida porque em si mesmo não é pior. Apenas eternamente será e estará.

domingo, fevereiro 7

Um pé de cada lado de uma só vez


O que ela sente? O que ela faz? O que ela sabe? Sabe nada. Faz pouco. Sente tudo. Por isso mesmo parece estar confuso tudo o que um dia certamente afirmaria estar certo, ser verdadeiro. Cai novamente no vale do vale nada, vale tudo. E o que é que é mais importante não sabe. Se descreve, se conta, se chora, se ri, se prende ou se voa. Para onde vai se fica a lamentar o para onde não foi. Se fica, vai e se vai, fica. Não sabe, não sabe, nem tenta se sabe nem sabe se tenta. Óh! Inópia permanente felicidade presente. Se fora ontem que fez ou se é amanhã que destrói. Deixa levar num vai e vem de palavras esquecendo o que se foi, vindo o que se vai. Não é ela, ou a é! E se fica vai levando e vai ficando e vai vindo e vem indo. E ela sabe que sente o que fez e sente que sabe o que não fez. Se chora? Se ri? Ela vai levando.


Fig: Composição minha com Norman Rockwell, labirinto recoloridos em tom claro de vermelho 1