sábado, maio 22

domingo, maio 16

Decidi voltar

E naquele tempo, clamavam...
O que nos resta é o desejo comum de voar. Ver a vida passar como que pássaros em direção ao horizonte infindo e indefinido, a sentir somente a brisa que toca o corpo causando conflito. Folha que percorre o curso do rio indica harmonia e não-mudança; folha que muda o sentido salta e ressalta o conflito natural existente. Conflito harmônico, conflito infinito, conflito que para e apara a realidade. Conflito que muda. E voar é a arte de se mover em intenso conflito com a natureza, talvez por isso seja tão difícil a natureza humana voar. Somos inicial e prematuramente avessos ao conflito. À medida que crescemos, melhor entendemos essa verdade que se consagra súbita e inquestionável, o que seria dizer que nos conformamos. Resta-nos a eterna esperança da harmonia. E, desenrolando, resta-nos almejar utopicamente, a cada momento do dia. Perfeição. De uma forma ou de outra a maioria quer o que não se tem. Acabam esquecendo de vislumbrar o memoramento do que se tem, do que se teve, do que se pode ter. Tão simples usar o mesmo verbo em três formas distintas a dizer nada parecido. E o curso do rio não muda. Fixa é o fluxo. Desde milênios, esse rio que aqui perpassa, do frígido ao caloso solo, se acaba por debaixo da terra. De longe está a alcançar a imortalidade do mar. E no infinito que se preza pelo prazer do saber vivido por poucos, desconhecido por muitos. E voar se torna uma atividade leve e fácil, como se impulso involuntário fosse flexionar os membros para o salto. E mesmo que a unidade do ideário não se hesite em fazer voar, se sente. Sentir como o pássaro, o animal do carma ao conflito. E andar, e falar, e levantar os braços em contrapartida, fica difícil. Tira-se um tento, se ganha o outro.