
quinta-feira, março 31
Eles nos dizem: "Eu que aqui estou, por vós espero"

domingo, março 27
Apenas um rascunho

Decidi não maltratar os meus rascunhos,
tão preciosos.
E nem rabiscá-los,
por isso os guardo.
Que tal reaproveitá-los?
Frente e verso.
E não deixar que nenhum espaço branco
ocupe o que é feito do meu coração.
Reaproveitando o reaproveitável.
Sem linhas,
Pontos ou caracteres.
E colecionando,
a caixinha pequena vai ficando cada vez menor.
De belíssimos restos, decompostos em poucas palavras.
Pequena verdade na felicidade dos caracóis

Ontem acordaram com vontade de chorar os caracóis. Sem grandes margens ou perspectivas imaginaram que não valeria os pequenos passos dados com tamanho esforço. Sonhando voar, os caracóis ironicamente se agarraram ao chão, como nunca. Temiam na verdade o poder voar. Eles eram caracóis, afinal. E temiam também o desejo. Então eles pararam, sem vontade de nada, pararam. Foi quando o céu escureceu e as estrelas caíram que mais um dia se passou, assim como as esperanças. E à medida que elas caíam cada vez mais perto ao chão, eles aproximavam-se da arrebatadora imensidão do céu.
quarta-feira, março 9
Regras num descompromisso ao amor
Eu caminhava enquanto relanceei um cena amargadoramente transportável a um tempo desconhecido e não pertencente mim.
Naquela casa, baixa, de grades que me permitiam presenciar da janela a velha mulher a gritar e reclamar ao seu marido a presença ao jantar toda a história começaria. Até então na minha cena só figuravam a casa, o céu e ela. Foi então que ao escutá-la berrando eu descortinei-me ao homem, impaciente na resposta, com o cigarro a segurar e andando sem satisfação nem documento, o que me faria conhecer toda a biografia daquele casal.
Foi mais ou menos assim.
Ele, no bar com os seus amigos quando ela passou. Meio embriagado ao notá-la mudaria toda a sorte de seu destino em pensar em ter aquela formosura ao seu lado, pra sempre. Sonhou com ela dias e dias antes de descobrir quem era para ir ao seu encontro. Ela, imatura no amor, aceitou o pedido de namoro ao homem que não conhecia.
Ele, poucos meses depois, pediu a sua mão.
Então, se casaram, se mudaram, se engravidaram diversas vezes e assim a vida os levou. Ela reclamava do cheiro que ficava na casa após ele acabar com os seus vulgares maços, perdera muitos casamentos pela falta de vontade do marido. E perdera muitas amigas pelo ciúme. Deixou de ser doce com seus filhos e acabou por ser bastante infeliz quando ele chegava a casa com o cheiro de qualquer uma outra, muitas e muitas vezes. Quisera ela não tivesse passado à frente daquele bendito e abominável bar em tempos de carnaval.
E depois de muitos anos, quando muito e pouco já havia se suportado eu passei em frente àquela casa. E ele, carregando o seu vício, anos a fio, fazia com que eu soubesse exatamente o que por eles já havia passado.
Naquela casa, baixa, de grades que me permitiam presenciar da janela a velha mulher a gritar e reclamar ao seu marido a presença ao jantar toda a história começaria. Até então na minha cena só figuravam a casa, o céu e ela. Foi então que ao escutá-la berrando eu descortinei-me ao homem, impaciente na resposta, com o cigarro a segurar e andando sem satisfação nem documento, o que me faria conhecer toda a biografia daquele casal.
Foi mais ou menos assim.
Ele, no bar com os seus amigos quando ela passou. Meio embriagado ao notá-la mudaria toda a sorte de seu destino em pensar em ter aquela formosura ao seu lado, pra sempre. Sonhou com ela dias e dias antes de descobrir quem era para ir ao seu encontro. Ela, imatura no amor, aceitou o pedido de namoro ao homem que não conhecia.
Ele, poucos meses depois, pediu a sua mão.
Então, se casaram, se mudaram, se engravidaram diversas vezes e assim a vida os levou. Ela reclamava do cheiro que ficava na casa após ele acabar com os seus vulgares maços, perdera muitos casamentos pela falta de vontade do marido. E perdera muitas amigas pelo ciúme. Deixou de ser doce com seus filhos e acabou por ser bastante infeliz quando ele chegava a casa com o cheiro de qualquer uma outra, muitas e muitas vezes. Quisera ela não tivesse passado à frente daquele bendito e abominável bar em tempos de carnaval.
E depois de muitos anos, quando muito e pouco já havia se suportado eu passei em frente àquela casa. E ele, carregando o seu vício, anos a fio, fazia com que eu soubesse exatamente o que por eles já havia passado.
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