domingo, agosto 30

Volare, oh oh...


Julia era filha única. De um lado a neta quase caçula, do outro a neta mais velha. Para outrem, talvez isso não faça a menor diferença, mas somente ela sentia tal responsabilidade. Para qualquer um talvez também não existissem maiores implicações, mas era ela, então ela sentia. Ela tinha um futuro feito, em suas mãos se ela quisesse, mas ela o trocou para lutar pelas coisas que queria. Ela queria lutar porque queria ser igual aos que a precederam e, ela, mesmo sabendo que, a vida e sua luta não são fáceis, ela queria passar por isso, queria sentir na pele como é conquistar, construir e mudar algo. Todo mundo perde o foco às vezes, ela se encantava pelo mundo e se iludia às vezes. Outrora percebia que tudo era difícil demais e causar mudança implicaria em muito mais luta e cooperação do que imaginara. Ficava sempre a olhar os seres que bailavam no céu. Algumas vezes conseguia tocar as asas da mudança quando de repente, ou o vento não a impulsionava ou decidia que era mais seguro voltar com pés ao chão. Ela não tirava os olhos dos espelhos, queria ver o quanto já tinha atingido o patamar de seus predecessores. Ela não estava ansiosa porque ela sabia que o tempo era a substância da vida. Ficava a se perguntar como conseguiria tal feito pois ela queria voar, mas com os pés no chão.

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