segunda-feira, outubro 19

O sub-desenvolvimento de nossas artes: Oh! Inópia Sustentabilidade.


O Zé da Esquina está com a parede rachada e, ao invés de cimentá-la e alinhá-la, ele passa uma demão de massa e tinta por cima. Afinal, semana que vem é aniversário da sua mulher e ficaria muito feio se recebem os convidados com a parede prestes a cair, e ainda pior, deixar que vejam a situação. Talvez o prefeito da cidade venha visitá-los porque é época de eleição e ele quer aparecer e se achegar mais ao povo.
“Óia, mia Nossa Sinhora, o prefeitu num pode vê essas coisa na paredi. Vamu fazê uma pintura que vai ficá até bunito por dimais. Ô mia Nossa Sinhora, proteja nóis das chuva e faz com qui nóis possa conserta dispois essa parede dispois di comprá um carro pra nossa fiota.”
Pode ser que a arte desse “jeitinho”, essa solução a curto prazo possua algo de racional. Entretanto essa semi-racionalidade vem assolando a história do nosso povo também de outras fontes e formas.
Da mesma forma que o Zé da Esquina quer veementemente, ainda que não seja sua realidade, demonstrar a suas visitas o bom estado de suas instalações, os nossos dirigentes nos trazem o desenvolvimento velado pelo grandioso crescimento econômico. A cor do desenvolvimento encobre as ranhuras das políticas liberalizantes que não são, repito, não são capazes exclusivamente de distribuir de forma permanentemente sustentável a renda.
O Chefe cobre-se do manto do crescimento sacrificando a riqueza progressiva do povo e retarda o desenvolvimento. Da mesma forma, o Zé da Esquina cobre sua parede com tinta para fingir que é próspero o bastante para mantê-la em bom estado. Nem um, nem outro. Na escala macro e micro deu-se um pulo para voltar atrás. Corremos sempre, oh meu Deus, diante o remédio para todos os males para ficar parados a se lamentar as mazelas da nação. Por isso eu digo, não pulem, não corram, caminhemos, senão a casa cai.

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