segunda-feira, novembro 30

Como rosas cálidas


As incertezas continuam as mesmas. O tempo pode passar, a gente pode crescer, mas elas ficam.
As inseguranças também não mudam, ficam encobertas. Todo cuidado é pouco pra não deixar que haja quem as descoberte.
As seguranças se alimentam.
As certezas ainda bem nunca aparecem.
Inópias, cálidas rosas.
Verossímeis pensamentos perdidos.
Disso, sua vida, de repente, virará o reflexo.

Assim apenas sim


Feliz dos infelizes, infelizes felizes, vivendo na arte da complexidade dos que realmente vivem. Felizes infelizes, infelizes que felizes, vivendo como inocentes com os corações despedaçados, falsos pedaços de plástico derretido. Alguns juntam, outros espalham. Os felizes dos infelizes os ajuntam, os outros, rá, esses despedaçam.

Novo Gênero


Gigantes infinitos não amam
E se assim desejassem também não amariam

Gigantes infinitos não aman
E se assim quisessem também não amariam

Gigantes infinitos não amam
E se assim pudessem também não amariam

Não amariam gigantes infinitos
Com certeza não amariam

E não amariam também se desejassem
não amariam também se quisessem
amariam também se pudessem
também se amassem
se amassem

domingo, novembro 29

Do canto ao encanto entre um imenso desencanto


Viajando nas notas mi e eis que tu tu... tu tu... tu tu... tu tu...
Eis que volto à realidade, mas a música me carrega novamente a um mundo que só a gente próprio conhece.
E agente vai levando a vida num ritmo suave e bruto intercaladamente e vai girando a roda viva, viva roda, suave e bruta, gira girando.
E numa dose de devaneios diários
de sonhos acordados
de uma pitada de realidade nos sonhos
Viajando nas baixas freqüências, altas que não correspondem ao momento comum
Eis que não sei se vivo ou se sonho, ou se acordo ou se durmo, se desisto ou se vou levando
Eis que passo a vida inteira me perguntando e respondendo a vida e, vivendo somente uma vez.
Quando de repente desisto, e encanto

terça-feira, novembro 24

Voz do Brasil


Decidi que manteria o rádio ligado os 60 minutos. Surpreendente e conjuntamente com as badaladas dàs 7, me deparei com uma musiquinha introdutória nova seguida do mesmo jingle de sempre (não os da época da ditadura mas, pelo menos, os guardados em minha memória de quase 20 anos). Surpreendi-me ao perceber que essa “musiquinha introdutória” está menos desesperadora que o ritmo do jingle seguinte. E esse desespero debelado no jingle antes era o que anunciava “Voz do Brasil”. Era de assustar qualquer um e afastar qualquer despreocupado cidadão. Sim, quando criança eu tinha medo das 19h do rádio. Em casa, sozinha, no escuro do início da noite, escutar aquele som era o incentivo a ir correndo desligar o rádio e liberar altas doses de adrenalina no corpo - de medo. Mente de criança é cheia de fantasias e medos, de escuro, de fantasma. Pareciam os medos se aguçarem se o rádio estivesse ligado. Essa questão me impossibilitou muito escutar o programa, por muito tempo. Seria mais inteligente para mim, ligar o rádio (se ligar) uns dez minutos depois. Ainda hoje meus ouvidos doem com o jingle. São as remotas lembranças. E hoje, mantendo a minha própria promessa de manter o noticiário ligado, do início até o fim, percebi que ele precisa ser mais atraente aos ouvidos dos brasileiros. Pelo menos, no início. Esse programa de rádio – o mais antigo do Hemisfério Sul – ainda sofre. Ora, o noticiário é ótimo. É o balanço diário do poder no Brasil. É obrigatório para o exercício da nossa democracia, da nossa cidadania, da nossa deliberação. É, ainda, um instigador de uma dose de patriotismo. As coisas no Brasil, ora essa, é claro que funcionam. E a maioria do nosso povo insiste em dizer o contrário. O Brasil está longe de ser um país de completas maravilhas, ainda bem. Nunca se esgotarão as imperfeições, é preciso deixar claro. Mas andamos a passos largos e, vez por outra, retardamos. A questão é que ainda é preciso espalhar sementinhas políticas nos corações da nossa nação. E, hoje eu percebi que essa pode ser uma das formas.

segunda-feira, novembro 23

O estado absoluto de nobres próximos

Gritam os da posse de territórios próximos:

_ O Estado sou Eeeuuuuuuuuuuuuu

_ Cortem a cabeça!

_ O Estado sou Eeeuuuuuuuuuuuuu

São os problemas internos transpassando os muros da vizinhança.

domingo, novembro 22

Enumarração

Ter Sol no rosto, panhar manga, preparar a torta, abraçar a vó, brincar com o vô, fazer pão de queijo, fazer bagunça, produzir um curta, fazer doce, amassar biscoito, comer palha italiana, arrumar a mesa, quebrar a batedeira, sorrir, raspar a casca com o dente, fofocar, pegar Sol, cheirar ovo choco, lavar copo, correr de mosquito, pegar na colméia, ter medo dos intrusos do vizinho, falar do dia, molhar o armário, fazer revelações, admirar os espantalhos, passar o dia a toa, sem preocupações, como uma criança...
Eita domingo mineirinho!

sexta-feira, novembro 20

Instituciónilegal


E aí brother, vai fazê nada não? Não, não tô de bobêra, quê dá um tapinha não. O irmão possu não, vô lá pru serviço, prá num dá mole vo pegá um buzão. Falô véi, vai trampa pra nóis. Vê si num esquece dos fuguete cinco da madruga. A rapaziada já ta loca pra chegá a carga do vizin. Pó dexá mano vô lá olhá as nota da carga, muita lá pra dá baxa. Falow.

Uma saudação de louvor: O futuro há uma semana já passou



Rua, rua, rua, o universo é uma grande rua. Encontrou-se água na Lua. Já dividiram até lotes. Quantas sortes! Mas, o silício já tá pedido. O daqui já ta perdido. Encontrou-se água. Encontrou-se água. Encontrou-se a solução. Hahaha vão poder lamber sabão. Acabou-se o problemão. Vão mandar gente prá Lua. Refugiado ganhou casa. Todo mundo foi pra lua. O coelhinho saiu da toca. E a águia também... Deus proteja nosso satélite. Amém Amém Amém

A falta de percepção da falta


A comida estava sempre sem tempero. Era exótico esse estilo de vida na classe daquela época. Tinha sal, mas comer não podia porque de pressão alta sofria. Comia sempre de cara feia, tampava o nariz e nem sentia o gosto. Então saia para comer na rua, comia tudo quanto era besteira. Podia tudo. Metade do salário ficava ali mesmo, na lanchonete, na quitanda, no restaurante, no bar. Mas, quem se importava? Até que um dia, o dinheiro acabou. As coisas por lá ficaram mesmo muito ruins. Hão de ficar piores. De repente a comida acabou. Não tinha reserva. Fecharam-se as fronteiras. Não tinha poupança. De lá mendigue passou a viver. Com tempero ou sem tempero importava agora já não. O importante era comer, já que nada tinha pro fogão.

Independência Males Morte



Milhares, milhões, bilhões de pessoas ainda lançam o grito de independência ou morte. Aclamam a saída para o não-sofrimento. Proclamam a imagem da salvação. Glorificam a longínqua esperança. Oscilam na coexistência. Pacífica Coexistência. Convulsa.
Estados Fracos, Homens Rebeldes. Natureza Suicida a Natureza.
Oh! Inópia Felicidade. Oh! Rica Fé. Oh! Eterna idade que fazem nesse eco infindável de independência ou morte.

As cidades não têm nome


Um tiro aqui e logo, tiro em qualquer lugar.
Um perdido aqui e logo, perdidos em nenhum lugar.
Sem paz aqui, muito menos em outro lugar.
Oh fleuma! Oh fleuma!
Pra onde vai pleonasta fleuma?

terça-feira, novembro 10

Escorregadia Verossímil Vilania



É uma imperfeição, um ato rude e descortês. Incomoda-se nessa intensa estupidez. Detêm uma pedra preciosa, embora mal polida, ainda graciosa. Arranha, corta, fere, eu bem sei. Perdoe-a em seu desvairo: Lapidários... Lapidários... Onde está o lapidário?

domingo, novembro 8

A missiva oculta de quem tem essa vida feliz.


E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que a missiva de contínuo ficará encoberta.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que oculta fica, mas ressalta.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que de quem assim o vê vive.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que tem muita ida e que não tem mais volta.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que essa jornada de forma eterna finda sempre hodierna.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que vida essa sofre perfeito o bastante para ir além do que tudo tem rotineiro.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que feliz ainda imperfeito e venturoso se mantém numa natureza de cheio e vazio ócio.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe.

sábado, novembro 7

Baila la dance della via


À passos de en dehors caminham.
Desde quando crianças ou talvez desde grande.
Papapapa
Bari Bari Bari Ba

À passos de en dedans poupam.
Desde quando juntos ou talvez desde únicos.
Papapapa
Bari Bari Bari Ba

Um retiré passé eterno
e assim
vão a da capo

Um da capo
sem variação e numa
bela idiossincrasia dançante