sexta-feira, fevereiro 20

Da Doce Convicção

Estou convicta de que o que Rubem Alves diz sobre a convicção é verdadeiro. Essa minha primeira sentença refutaria bonito tudo o que se segue. Até se eu dissesse que estou convicta de que nunca estou e nem quero estar convicta seria uma contradição inerente a própria discussão. A convicção ao meu pensar deste momento, – amaparada geniosamente pelo filosofar do citado e convictamente mutável – deveria estar bem próxima de infinito e utopia, ela - talvez - não exista. Nada que sei é que nada sei. Ficaria melhor assim. Milhares de pessoas deram, dão e darão suas vidas para a descoberta da verdade através da ciência.
Para essa busca incessante, penso, na “verdade”, é que a verdade é sinônimo de inalcançável, inexistente, e a realidade é sinônimo de complexa ou completamente “indescobrível”. As percepções e a harmonia estão juntamente ligadas a isso. A primeira é indiscutivelmente a origem dessa infinitude, desde e até que exista o homem ela será infinita. E a falta da última é capaz de fazer um estrago enorme em todos os aspectos que permeia o meio da estrutura. A questão é que, sendo convicto da veracidade, até mesmo de determinada teoria, “convictua-se a inocência e limitação da própria capacidade de percepção do indivíduo”, esse é o ponto, a dita percepção, é sua, não é capaz de ser melhor nem pior, apenas, diferente. E é aí, a partir da negação real dessa idéia, isto é, do preconceito que se volta na questão inicial. A “solução”, o cabível seria a harmonia, a coexistência. Mas isso são muitas outras histórias. Veremos!

Um comentário:

  1. Interessante. Principalmente a seguinte passagem: "Milhares de pessoas deram, dão e darão suas vidas para a descoberta da verdade através da ciência". No entanto, na minha atual compreensão, o maior erro, e o que realmente nos desestimula a buscar a "verdade", taxando-a de "inalcançável, inexistente (...) sinônimo de complexa ou completamente 'indescobrível'", é o errôneo conceito de ciência. Ciência não é sinônimo de divagações teóricas infrutíferas, ou de debates infindáveis sobre quem está certo e errado, ou quem tem mais prestígio no meio, etc. A ciência é um instrumento, não um fim.
    Ela é apenas uma das manifestações das capacidades humanas, não o todo, e muito menos a mais importante. E se através dela não estamos conseguindo chegar à Verdade, o erro não se encontra na Verdade em si, mas na ciência e na forma como está sendo usada para achar essa verdade. O Ser humano é um ser complexo, no entanto temos certeza de uma coisa: tem todos os mecanismos de que precisa para evoluir rumo a um destino melhor. Mas será a ciência tradicional a que desvendará os verdadeiros arcanos do conhecimento humano? Penso que a Verdade só aparecerá quando for procurada com os meios certos, tendo em vista os objetivos certos, é um mecanismo de defesa. O desequilíbrio atual entre os avanços da ciência e a ignorãncia do ser frente a si mesmo é latente. Enquanto os "homens de ciência" não buscarem a Verdade dentro de si mesmos, e perceberem-se como donos e construtores de seus próprios destinos estaremos fadados à dúvida. Parafraseando Pecotche: "O investigador mede a trajetória dos astros e desconhece e de sua prórpia vida; segue as pertubações do átomo e descuida das de seu pensamento; estuda e analisa tudo, menos o que diz respeito ao conhecimento da sua mente (...); lê e comenta mil boigrafias, mas estremece pensando em como terminará a sua".
    Eis aí o meu comentário. Promessa cumprida.
    André

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