Arrumava as coisas no quarto. Analisava suas pulseiras, brincos e enfeites de cabelo quando de repente encontra o seu antigo e amado relógio. Aquele é um relógio especial. Foi-lhe dado como congratulações de sua primeira formatura, aquela em que se celebra a arte de ler. Foi seu primeiro relógio sério, porque de brinquedo, de bala e até desenhados de caneta já haviam muitos. Sério porque era nele que ela realmente acompanhava o passar das horas e por muito tempo foi por trás daquelas lentes que pautavam seus compromissos de criança. É um relógio lindo, judiado pelo tempo, lindo! O tempo desgastando o tempo... Que perfeição! Ela se pôs a lembrar de como esse relógio trouxe bons momentos. Brincadeiras, amigos... Mas ela viaja. Ela agora está encostada na coluna que sustenta a laje do quintal de suas escolhinha. Com seis anos, usa o relógio que lhe foi dado no ano anterior. É dia de comemoração. Aniversário da sua primeira segunda casa, a escolhinha que tanto ama, de muitas lembranças. O mágico pede o guardião do tempo pausado em seu pulso, ela esquiva. Na verdade ela teme pelo que pode acontecer com seu relógio. Ficar sem ele seria uma tragédia e ela não confia nesse homem que faz surgir e desaparecer as coisas. “Seu pó mágico pode acabar, ele pode aproveitar de se poder e roubar o meu relógio”. Enfim, seus pensamentos não há impedem de destravá-lo de seus braços e entregar seu tanto querido presente, as pessoas olham, ela desconfia. Pronto! Está feito! O relógio nas mãos daquele ilusionista não poderia ganhar bons destinos. Eis que o relógio é colocado no saco mágico e depois de uma sacudida ela se espanta. O seu relógio desapareceu, o que temos no lugar é uma ridícula ceroula moderna, vermelha e vulgar. Ela chora. Desespera-se pelo seu relógio, ela lamenta, lamenta muito. O mágico se apressa para desfazer a mágica, afinal, ao invés de aplausos, sua platéia anseia pela volta do relógio para minguar as lágrimas da menina que tanto chora. Ela não quer o relógio, ela quer as lembranças carregadas naquele objeto de volta. Ainda com ele em mãos ela continua a chorar o medo da falta. E por isso, ela decide voltar a usá-lo agora já adulta. Naquele relógio estão lembranças, choros e paixões. Ela gosta disso. Ela gosta desse encantador relógio. Antigo, amado, especial.
Hehe. Em certas passagens me lembrei do realismo fantástico de alguns escritores. Estou gostando do passeio por aqui. Vou continuá-lo das entradas mais recentes para as mais antigas. (...) Também gosto de escrever sobre memórias e prosas poéticas, apesar de estar parado a algum tempo. Se você procurar no meu blog, encontrará algo nesse sentido. =)
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