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O céu se arama, paira no horizonte a figura imaginada de uma constante e intensa queda. As águas continuam se unindo e aquele pingo reluzente, continua só!
Só. Pingo Reluzente. Só.
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sábado, outubro 31
Civiliza Percepção
E lá está a boiada no meio da civilização a cantar. E, a cantar está lá no meio da civilização a boiada.
O boiadeiro no meio da civilização começa a cantar. Os carros passam, ninguém percebe que ali paira a paz em tempos de guerra. Eles cantam, ninguém percebe que ali paira a guerra em tempos de paz.
E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas por uma canção. E quem irá dizer que não existe canção.
Apenas aqueles que somente ouvem a civilização a fracassar. Apenas aqueles que somente ouvem. Apenas aqueles que somente. Apenas aqueles. Apenas.
E a boiada vai passar, vai mudar, vai parar.
O boiadeiro no meio da civilização começa a cantar. Os carros passam, ninguém percebe que ali paira a paz em tempos de guerra. Eles cantam, ninguém percebe que ali paira a guerra em tempos de paz.
E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas por uma canção. E quem irá dizer que não existe canção.
Apenas aqueles que somente ouvem a civilização a fracassar. Apenas aqueles que somente ouvem. Apenas aqueles que somente. Apenas aqueles. Apenas.
E a boiada vai passar, vai mudar, vai parar.
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quarta-feira, outubro 28
A Voz do Canto
Realizava há muito. Realizava. Há dois dias aconteceu algo como se realizasse um sonho. Talvez não tivesse pensado tão a fundo o que aquele momento significava para seus desejos passados. Talvez ainda não tenha consciência do quão aquele momento foi importante. Talvez não tivesse tido tempo. Continuava perdido em pensamentos outros que, não o deixavam ao menos desfrutar plenamente de suas conquistas. Tão anteriormente, conquistas cantadas com uma voz de desejo e batalha. Não foi a primeira vez que acontecia algo assim, e talvez não fosse a última. Talvez fosse um descaso com os próprios anseios, com a própria vontade, com a própria alegria, com a própria superação. Ou então talvez estivesse mesmo perdido, a tal ponto de desconhecer o conquistado e o desejado e seus tortuosos e ligados caminhos. Enfrentava há muito uma maré intensa de dúvidas. Enfrentava a miragem de uma imensidão de obviedades. Enfrentava há muito. Enfrentava. Há dois dias enfrentava algo como se afastasse, um sonho.
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No ritmo de Szpilman
Foi interessante notar que, nos tempos de paz, um menino batia com os talheres no alvo prato de porcelana ao fundo do restaurante. O ritmo era das notas que saiam do piano. O instrumento. E, numa expressão genial da figura daquele menino as pessoas o analisavam com um semblante de dúvida. Como se voltassem ao tempo de Forrest Gump e percebessem que ele talvez fosse dotado de muita genialidade. Os clientes se comportavam incrivelmente como nas cenas de um filme. Talvez o de Polanski. Mas, aquele cenário nada pareceria com o mais rotineiro das cenas possíveis. Não era real. Definitivamente. Até que o pequeno infante larga os talheres, quando algo nos outros olhares o incomodou. Mas suas mãos à mesa continuaram dançar de forma singela conforme ditava a música, como se ninguém o notasse. Todo mundo notou. Todo mundo notava até que a música parou, o menino esquivou-se de sua melancolia e todo mundo voltou a olhar para o que fora posto em seus pratos.
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segunda-feira, outubro 26
Um nome, uma história e uma explicação posterior
Mais uma vez é contemplada a garotinha com a herança escondida nos baús de seu predecessor. Ele deu a ela a honra materializada da vitória. Outrora, alcançava-se em apenas um segundo as pulsações que deveriam ocorrer em vários deles. Desta vez, um quase ataque foi constrangido, pois lhe foi avisado que algo de que supostamente gostaria muito estava prestes a surgir em seu campo visual. Ainda assim, ela se surpreendeu com a faixa verde-amarelo a radiar no peito de seu admirado compatriota na capa do livro repousado na estante. Seria então mais que uma obra do mais querido populista que já tivera sua nação, era o caminho para a capital, feitos ambos por ele mesmo.
Compartilhavam uma nacionalidade e por um triz a mesma naturalidade. Talvez não compartilhassem da mesma história, ainda. A garotinha poderia sim sonhar. E assim deveria, nas páginas daquele livro.
Compartilhavam uma nacionalidade e por um triz a mesma naturalidade. Talvez não compartilhassem da mesma história, ainda. A garotinha poderia sim sonhar. E assim deveria, nas páginas daquele livro.
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segunda-feira, outubro 19
O sub-desenvolvimento de nossas artes: Oh! Inópia Sustentabilidade.
O Zé da Esquina está com a parede rachada e, ao invés de cimentá-la e alinhá-la, ele passa uma demão de massa e tinta por cima. Afinal, semana que vem é aniversário da sua mulher e ficaria muito feio se recebem os convidados com a parede prestes a cair, e ainda pior, deixar que vejam a situação. Talvez o prefeito da cidade venha visitá-los porque é época de eleição e ele quer aparecer e se achegar mais ao povo.
“Óia, mia Nossa Sinhora, o prefeitu num pode vê essas coisa na paredi. Vamu fazê uma pintura que vai ficá até bunito por dimais. Ô mia Nossa Sinhora, proteja nóis das chuva e faz com qui nóis possa conserta dispois essa parede dispois di comprá um carro pra nossa fiota.”
Pode ser que a arte desse “jeitinho”, essa solução a curto prazo possua algo de racional. Entretanto essa semi-racionalidade vem assolando a história do nosso povo também de outras fontes e formas.
Da mesma forma que o Zé da Esquina quer veementemente, ainda que não seja sua realidade, demonstrar a suas visitas o bom estado de suas instalações, os nossos dirigentes nos trazem o desenvolvimento velado pelo grandioso crescimento econômico. A cor do desenvolvimento encobre as ranhuras das políticas liberalizantes que não são, repito, não são capazes exclusivamente de distribuir de forma permanentemente sustentável a renda.
O Chefe cobre-se do manto do crescimento sacrificando a riqueza progressiva do povo e retarda o desenvolvimento. Da mesma forma, o Zé da Esquina cobre sua parede com tinta para fingir que é próspero o bastante para mantê-la em bom estado. Nem um, nem outro. Na escala macro e micro deu-se um pulo para voltar atrás. Corremos sempre, oh meu Deus, diante o remédio para todos os males para ficar parados a se lamentar as mazelas da nação. Por isso eu digo, não pulem, não corram, caminhemos, senão a casa cai.
“Óia, mia Nossa Sinhora, o prefeitu num pode vê essas coisa na paredi. Vamu fazê uma pintura que vai ficá até bunito por dimais. Ô mia Nossa Sinhora, proteja nóis das chuva e faz com qui nóis possa conserta dispois essa parede dispois di comprá um carro pra nossa fiota.”
Pode ser que a arte desse “jeitinho”, essa solução a curto prazo possua algo de racional. Entretanto essa semi-racionalidade vem assolando a história do nosso povo também de outras fontes e formas.
Da mesma forma que o Zé da Esquina quer veementemente, ainda que não seja sua realidade, demonstrar a suas visitas o bom estado de suas instalações, os nossos dirigentes nos trazem o desenvolvimento velado pelo grandioso crescimento econômico. A cor do desenvolvimento encobre as ranhuras das políticas liberalizantes que não são, repito, não são capazes exclusivamente de distribuir de forma permanentemente sustentável a renda.
O Chefe cobre-se do manto do crescimento sacrificando a riqueza progressiva do povo e retarda o desenvolvimento. Da mesma forma, o Zé da Esquina cobre sua parede com tinta para fingir que é próspero o bastante para mantê-la em bom estado. Nem um, nem outro. Na escala macro e micro deu-se um pulo para voltar atrás. Corremos sempre, oh meu Deus, diante o remédio para todos os males para ficar parados a se lamentar as mazelas da nação. Por isso eu digo, não pulem, não corram, caminhemos, senão a casa cai.
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terça-feira, outubro 13
Protocolado - Pág. 6 (Luzes, Luzes)
Removido pela autora
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Faço menção à participação célebre do querido colega Caio Perona em uma série de perguntas feitas a Zelaya pela equipe da Folha na Embaixada Brasileira em Honduras.
Pergunta - A premiação do presidente norte-americano, Barack Obama, com o prêmio Nobel da Paz significa a vitória da diplomacia sobre a tirania? Como essa nova tendência, que enfatiza a conversa e o multilateralismo, pode contribuir para a resolução da crise política em Honduras? (Caio Perona - Belo Horizonte, MG)
Manuel Zelaya - Considero correto o prêmio para Barack Obama para que ele leve a cabo e realize a sua proposta. Os seus grandes desafios para a paz são Afeganistão, Iraque e Honduras. Tirar a violência desses países é o grande desafio de Obama. Assim como eliminar as armas nucleares.
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Faço menção à participação célebre do querido colega Caio Perona em uma série de perguntas feitas a Zelaya pela equipe da Folha na Embaixada Brasileira em Honduras.
Pergunta - A premiação do presidente norte-americano, Barack Obama, com o prêmio Nobel da Paz significa a vitória da diplomacia sobre a tirania? Como essa nova tendência, que enfatiza a conversa e o multilateralismo, pode contribuir para a resolução da crise política em Honduras? (Caio Perona - Belo Horizonte, MG)
Manuel Zelaya - Considero correto o prêmio para Barack Obama para que ele leve a cabo e realize a sua proposta. Os seus grandes desafios para a paz são Afeganistão, Iraque e Honduras. Tirar a violência desses países é o grande desafio de Obama. Assim como eliminar as armas nucleares.
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quinta-feira, outubro 8
O fim do presente e a chegada do amanhã
Milhares de carros enfileirados, rugidos dos mais diversos motores, o asfalto a fritar pelos raios do céu e o eterno canto da multiplicação das cigarras atrai a chuva.
Cria-se, por mais rotineiro de primavera que seja, um ambiente aterrorizante, de forma a incitar diversas estórias do fim do mundo.
Eu realmente acreditaria que fosse a chegada do fim, mas não posso deixar de citar que o que chegou foi o amanhã, o futuro.
Ter o MELHOR CHANCELER DO MUNDO.
Ter o PRESIDENTE MAIS POPULAR.
Ter uma COPA.
Ter uma OLÍMPÍADA.
E ter milhares de coisas que seriam somente pertencentes ao futuro, no dia de hoje, é realmente muito “patriotizante”.
Fim, só se for do velho mundo!
Cria-se, por mais rotineiro de primavera que seja, um ambiente aterrorizante, de forma a incitar diversas estórias do fim do mundo.
Eu realmente acreditaria que fosse a chegada do fim, mas não posso deixar de citar que o que chegou foi o amanhã, o futuro.
Ter o MELHOR CHANCELER DO MUNDO.
Ter o PRESIDENTE MAIS POPULAR.
Ter uma COPA.
Ter uma OLÍMPÍADA.
E ter milhares de coisas que seriam somente pertencentes ao futuro, no dia de hoje, é realmente muito “patriotizante”.
Fim, só se for do velho mundo!
domingo, outubro 4
N de Não Somente Memórias
Ainda que a estrada tenha sido longa
Ainda que a vivência tenha sido pouca
O Sol já não se desperta
Pra mim como pra você.
Ainda que estejam plantadas minhas mais lindas e remotas lembranças.
Ainda que tenha me iluminado e abençoado por toda vida.
A Lua se mostra mais triste
Para mim e não para você.
Ainda que tenha crescido
E não mais sibile pequenas palavras.
Serei para sempre a pequena Teté.
Terei a lembrança de um ancestre
De um grande terrestre
A se iluminar na eterna Sé.
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sexta-feira, outubro 2
E quem um dia poderá dizer?
Fim de tarde. Poeira baixada, chuvinha fina. Belo horizonte. Fim de tarde. Vapor total, o brilho a radiar. Belo horizonte. Fim de tarde. Caem todas as águas sobre nós. Mas ainda sim, o horizonte continua belo. Planos feitos, realizados e perfeitos. Mas ainda restam as gotas de dúvidas e saudade que escorrem pelo pára-brisa nesse belo fim de tarde diário. E elas sujam a visão pretendida, a de enxergar mais longe. E fica realmente difícil seguir em frente. Se for arriscado ou não, bem, somente o tempo poderá dizer.
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