terça-feira, junho 9

Era sempre Ela


Ele ajoelha e lhe entrega um presente. Ele ajoelha e lhe entrega rosas. Ele ajoelha e lhe entrega cartas. Ele ajoelha e lhe entrega uma homenagem. Ele ajoelha e lhe pede uma nova chance. Como aquele outro poderia ser tão ingrato e não perceber o quanto era valorizada. Na verdade, as dúvidas eram quem tomavam conta daquele coração solitário. Não era ingratidão, ela no fundo não queria magoar. Ela não sabia lidar muito bem com o outro que quer perpassar a fronteira dos seus sentimentos. No fundo ela era quem mais sofria. Convivia com a relativa solidão e no fundo idealizava coisas que já possuía. Tão forte por fora, tão frágil por dentro.

Ela ajoelha e lhe entrega palavras. Ela ajoelha e lhe entrega sentimentos. Ela ajoelha e lhe entrega momentos. Ela ajoelha e lhe entrega satisfação. Ela ajoelha e lhe entrega desejos. Como aquele outro poderia ser tão egoísta e não perceber o quanto sua natureza era sensível. Na verdade, a verdade não era procurada por ela. Não era egoísmo, no fundo eles queriam sentir o que ela podia sentir mesmo que não tenha o que eles queriam ter. Ela não sabia lidar muito bem com uma realidade que não permitia seu mundo de sonhos. Mas no fundo ela não sofria tanto. Convivia com a relativa solidão e no fundo idealizava coisas que já possuía. Tão forte por fora, tão frágil por dentro.
Fig.: O Balanço (1968) , de Fragonard. 82 cm x 65 cm. The Wallace Collection, Londres.

2 comentários: