sexta-feira, dezembro 4
Os objetos pensam e falam
Eu não entendo porque o relógio insiste em parar exatamente quando ele deveria trocar o dia. Se ele funciona durante todas as horas do dia, porque se comporta insistentemente nessa louca mania? Não sei se ele deseja, de alguma forma, eternizar os dias. Se assim fosse, eu respondo, ele não possui esse poder. Afirmo questionando que talvez ele tenha capacidade o bastante de mostrar algo. Mas, o quê? A valorização escassa do presente? A incerteza do futuro? A eterna vontade de viver um dia de cada vez? O hoje? Mas talvez seja o medo do futuro, do amanhã, do próximo segundo. Mas ele também não seria capaz de tal feitoria refletida nas lágrimas de sua dona. Talvez tenha uma imensa dúvida em se partir ou ficar. Eu também não sei se parto ou se fico. Prefiro partir, os ponteiros, se fincam nesse solo asseverado e, estancam. Mas para deixar que ele porte contínua em meu punho preciso deixá-lo seguro. Lavrarei o solo, ararei, semearei e cultivarei em solos férteis. Mas quem dirá se eles são seguros?
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