Eu não pensava que todo mundo fosse filho do bondoso velhinho. Mas eu acreditava que ele vinha me visitar nas noites de 24 de dezembro. Ora, eu de fato o via chegar com sua roupa vermelha, sua barba branca e seu grandioso saco de presentes. Era assim todos os anos que eu outrora vivera. Era mágico, intenso, um grande dia. Mas naquela última noite de fantasia tudo mudou. O Papai Noel estava lindo, barrigudo e muito alegre. A voz não era familiar mas, aquele sapato... aquele sapato... eu conhecia bem aquele sapato! Igualzinho ao marrom, de furos que moldavam um belo desenho que pairava nas prateleira de um armário lá de casa. Estava reluzente e bem cuidado como sempre mas era frustante avistar um sapato tão familiar calçado na figura de um ilustre visitante velhinho. E foi naquele abraço que eu percebi mais ainda toda a brincadeira. Pela primeira vez eu sabia que naquele cheiro eu abraçava meu predecessor na noite de Natal e não meu amigo do Pólo Norte que vinha me ver há seis anos.
Nesses dias eu o vi novamente, aquele cumprimento não era desencanto, era verdadeiro o sentimento. E ele, o verdadeiro, estava lá. A barba, o cabelo, o olhar alumbrou-me em seu endeusamento.
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