domingo, dezembro 20
As nossas aves
Elas trabalhavam a montar o céu, pegar a cor, encaixar a nuvem. Voavam livres de um lado ao outro no grande quadro infinito do céu. Aquela menina o admirava nos dias ruins porque era ali que ela tinha certeza que o mundo ia girar e as coisas... melhorar-se-iam. Inspirava-se nas gaivotas, relutantes na pressão dos intensos ventos e ares. E ali ela iria contra os ventos ou acompanhá-los. De repente chovia passarinhos... 1, 2, 3... Eles se salvavam na eternidade. Ela abria os braços e girava em torno de seu próprio corpo. Salvando-se da incerteza da imensidão. Criando-se sua própria forma de universo.
Ele existe!
Eu não pensava que todo mundo fosse filho do bondoso velhinho. Mas eu acreditava que ele vinha me visitar nas noites de 24 de dezembro. Ora, eu de fato o via chegar com sua roupa vermelha, sua barba branca e seu grandioso saco de presentes. Era assim todos os anos que eu outrora vivera. Era mágico, intenso, um grande dia. Mas naquela última noite de fantasia tudo mudou. O Papai Noel estava lindo, barrigudo e muito alegre. A voz não era familiar mas, aquele sapato... aquele sapato... eu conhecia bem aquele sapato! Igualzinho ao marrom, de furos que moldavam um belo desenho que pairava nas prateleira de um armário lá de casa. Estava reluzente e bem cuidado como sempre mas era frustante avistar um sapato tão familiar calçado na figura de um ilustre visitante velhinho. E foi naquele abraço que eu percebi mais ainda toda a brincadeira. Pela primeira vez eu sabia que naquele cheiro eu abraçava meu predecessor na noite de Natal e não meu amigo do Pólo Norte que vinha me ver há seis anos.
Nesses dias eu o vi novamente, aquele cumprimento não era desencanto, era verdadeiro o sentimento. E ele, o verdadeiro, estava lá. A barba, o cabelo, o olhar alumbrou-me em seu endeusamento.
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segunda-feira, dezembro 14
Sobre minhas agendas
Todas as agendas são inicialmente iguais. Vazias. Enumeradas pelo nascer e pôr do Sol. Enumeradas pelas fases da Lua. Mas ainda que correspondentes de fenômenos da natureza são incompletas. Neutras. São tristes as agendas novas. Estão descompromissadas com a vida de todos ou qualquer um. Porém, uma agenda começa a ganhar sentido quando alguém entende que ali poderá tornar mínimas as felicidades e as tristezas de muitas páginas de sua vida. Desde que tenha posse, a agenda se transforma de um inanimado comum para um ser importante, guardião de um tesouro. Os meus guardiões desse espaço de tempo nascem desidratados e famintos. Ainda bem. Logo a sede é convertida em metas e objetivos. Vai então o guardião se hidratando ao longo dos dias. Por sua vez, faminto por viver, simplesmente vive e isso basta para se tornar cada vez mais saudável, até que no finalmente eterno dos anos extrapolam um estado de saciedade tão intenso que se colocam a agradecer as colheitas do ano. As vidas pensantes dever ter esses guardiões consigo. As agendas no final do ano devem estar robustas, fortes, completas e complexas. Tenho particularmente uma satisfação incomensurável de ver esses organizados pedaços de celulose a gritar socorro, apertados em meio a milhares de outras coisas mais. Há quem olhe e tenha certeza do absurdo ver tantas coisas embutidas nos pedaços de papel. Mas é um júbilo analisar as feições de reprovação diante de tão singela obra da natureza, a vida e sua ocorrência. As pessoas deveriam experimentar ter mais esse prazer. Além de um prazer, esse guardião do tempo pode funcionar como um detentor de poções mágicas para o enobrecimento e para a cura. Enobrecimento de valor e cura para a dúvida. E quando cansar-se de tamanha loucura reduzida a fatias unidas em plena espera de acontecimento, de repente se apresenta outro guardião esperançoso pelo amanhã. É hora de dolorosamente trocar de ano. Desprover-se parcialmente do que ficou para trás. Mas é aí que nascem os tesouros de ontem esse tesouro é um segredo. Para um e para todos.
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domingo, dezembro 13
Não aos que amam
Se Santo Agostinho perguntou “O que eu amo quando te amo?” eu posso ser capaz de perguntar “o que eu não amo quando não te amo”. E essa pergunta abrolha por muitas fases da vida, ou pelo menos, deveria. Embora ambas não tenham respostas, elas se tornam por si só completas de explicação. Elas explicam intensamente, há muito por detrás dessas palavras que antecedem o simples indagar posto por um ponto de interrogação. E tudo que há por trás é de difícil entendimento pela maioria dos que amam, não são amados, ou talvez por quem somente procure o amor e que, por assim dizer, não ama. L’amour. É algo em que todos falam ou aquele para que muitos vivem. Mas não é algo que se procure, e ele ao menos deixa ser procurado. Muitas vezes sua ocorrência é forçosa, sai arranhado desde a garganta até onde adormece, no coração. Isso não pode acontecer. Não pode deixar também que isso aconteça. Puramente acontece. Sutil. Único. Se arranhar é outro presente, não ele. Pois o verdadeiro representa ser a vivência extrema de uma expressão traduzida por Pessoa: “quando te vi amei-te muito antes. Tornei a achar-te quando te encontrei”. Deve-se entender isso. Não forcem. É obrigatório entender os que não amam. Os que dizem que amam e não são amados vivem o que não passa da barreira de um simples deslumbramento, uma ilusão. Engano. O amor envolve a dois. Ainda que seja unilateral e vivido eternamente solitário em cada um. Vive eternamente só, esse sentimento. Não deixar-se forçar vai além de um modo de vida, uma maneira de ver. Além de uma dita seriedade, é um respeito evitando a violência contra si mesmo. É uma vontade incansável de tê-lo plenamente em si. Se assim não for, que não seja.
sexta-feira, dezembro 11
Palavras! Palavras! Ó Palavras a que eu dedico ao Marechal!
Após uma longa espera, e mais, uma vigília que pareceria eterna ao adentrar nos sítios que talvez pudesse me informar o resultado, chegou. Chegou a hora em que meu coração dispararia feliz ou decepcionado. Para uma coleção de batimentos intensos estava lá meu nome a integrar o corpo de escritores semifinalistas. Não estava no primeiro, no segundo ou no terceiro lugar, mas estava lá citado, o meu nome. Dentre milhares e milhares de redações, estava lá o meu nome a figurar a areia peneirada do 15º Prêmio Nacional Assis Chateaubriand de Redação. De certo que não irei para Brasília. Não chegou a minha vez de fazer como o herói Cândido Rondon e desbravar essas nossas terras de mais vida e mais valores. Ainda. Esse coração que já vibra desesperado comemora uma vitória. A de ter suas palavras valorizadas por outrem. Palavras essas que foram conjugadas por mim. Entretanto, arraigadas por nossos hinos, meu conhecimento e meu patriotismo. Verei o cruzeiro mais brilhante, mais verde e amarelo. E não deixarei de caminhar a passos largos, não, não ainda, não dessa vez. Estive correndo para ficar parada. Só que dessa vez, ao parar senti meu coração acelerado, estava a pular de alegria. Correrei logo novamente. Para o infinito e além, num céu de cinco belos diamantes.
O texto na íntegra ainda não pode ser divulgado pelos participantes até o término desse ano. Mas, ele poderá ser encontrado aqui, na minha primeira atualização de 2010. Figurará então, o 101º texto do blog. Uma comemoração!
sábado, dezembro 5
Mais que uma noite no céu com diamantes....
... é uma noite na terra com sonhos mágicos
Nunca perdera a hora. Nunca em tal proporção de se levantar com o susto de ver no relógio a distância apenas de um minuto de seu compromisso. Ela decidira, ao adormecer, acordar da forma mais natural, porém não previa os belos sonhos que a deixariam por demais na cama. Havia um clima bom no ar, chuvinha fresca, friozinho agradável, essências no quarto, tudo muito propenso à florescência da sua imaginação. E assim, foi. Uma noite inteira viajando bem pertinho em campos largos, floridos e com a visita mais agradável. Corria e saltitava em lugares que já tinha estado no real, não daquela forma incansável e amadora. Era tudo muito autêntico e concreto para ela, talvez não estivesse mesmo pensando que com um beliscão tudo aquilo acabaria. As flores, as cores, o céu, os corpos eram tangíveis. Essa imensidão quase descontrolada era mesmo merecedora de muitas horas de sono. Ao assustar-se, levantou, mas era como se ainda estivesse no deleite sonhado e pôs-se a desfrutar de uma das coisas que mais apreciava: geléia de amora. Uma imensa gargalhada acompanhou toda essa loucura. Decidiu continuar encantada se colocando a escrever, como personagem se eternizava. Esta noite seu relógio não parara, quem encantara fora ela. Seria mesmo ruim perder tal magia com um tu tu desagradável. O dia seria longo a esperar mais uma noite de sonhos impossíveis. Para era espera melhor não haveria, contava com esse poder de atravessar entre o seu real e sua imaginação. Através do Universo. Jai Guru Deva Om. Nada vai mudar meu mundo.
sexta-feira, dezembro 4
Os objetos pensam e falam
Eu não entendo porque o relógio insiste em parar exatamente quando ele deveria trocar o dia. Se ele funciona durante todas as horas do dia, porque se comporta insistentemente nessa louca mania? Não sei se ele deseja, de alguma forma, eternizar os dias. Se assim fosse, eu respondo, ele não possui esse poder. Afirmo questionando que talvez ele tenha capacidade o bastante de mostrar algo. Mas, o quê? A valorização escassa do presente? A incerteza do futuro? A eterna vontade de viver um dia de cada vez? O hoje? Mas talvez seja o medo do futuro, do amanhã, do próximo segundo. Mas ele também não seria capaz de tal feitoria refletida nas lágrimas de sua dona. Talvez tenha uma imensa dúvida em se partir ou ficar. Eu também não sei se parto ou se fico. Prefiro partir, os ponteiros, se fincam nesse solo asseverado e, estancam. Mas para deixar que ele porte contínua em meu punho preciso deixá-lo seguro. Lavrarei o solo, ararei, semearei e cultivarei em solos férteis. Mas quem dirá se eles são seguros?
terça-feira, dezembro 1
II Participação Especial: Roberto Patrus-Pena
Nós e Laços, Paixão e Amor
Roberto Patrus-Pena
Quando nascemos, o fio que nos ligava à origem mãe foi cortado. O primeiro nó é o umbigo, ônfalo, memoria da origem, nó cego, dado para estancar a ferida aberta da primeira e definitiva perda. Quando Apolo divide os andróginos em dois, a mando de Zeus, o umbigo é deixado como registro da nossa condição de fendido, cortado, para nos lembrar da impossibilidade de completude, condição exclusiva dos deuses.
Incapazes de aceitar tal desamparo, cremos na possibilidade de religação, iludidos pela possibilidade da construção de um “nós”, pronome da 1a pessoa do plural. Tal busca se condena ao fracasso quando queremos fazer, da nossa relação com o outro, um nó. Inseguros pela angústia da primeira perda, buscamos prender o outro e nos prender a ele, queremos que o “nós” esteja firme como um nó. Ilusão.
Com o outro, não fazemos nós; só podemos fazer laços. O nós com o outro é a ilusão da ligação definitiva, perene. Não existe. O nó só pode ser dado em si mesmo. É sempre cego, como a paixão. O amor, ao contrário, vê o outro, e reconhece que só há ligação se o outro também a deseja. Daí a fragilidade da relação amorosa: ela não depende só de mim. Por isso, com o outro fazemos apenas laços, metáfora da precariedade de sua permanência.
O nó embola, o laço enfeita. O nó aprisiona, o laço respeita a liberdade. O nó nega o outro. O laço reconhece a necessidade de cativá-lo permanentemente. O nó representa a ilusão da reciprocidade da relação, o laço representa a unilateralidade do vínculo. O nó quer o nó do outro, quer nós. O laço não exige o abandono da singularidade.
Separar do outro não é desfazer o “nós”, nem desfazer nós. Separar é desfazer o laço. Dói mais quando acreditamos na paixão, ilusão do “nós”, porque depois do laço desfeito, ficamos com nossos nós para desembolar sozinhos. Sentimo-nos, literalmente, arrebentados, o que exige reconstruir o eu, que nunca deveria ter deixado de sê-lo, pessoa primeira do singular. Por isso, não podemos falar em nosso amor. O amor é unilateral, parte sempre do eu para o outro. O amor do outro, a ele lhe pertence. Se existe, não sei. Com sorte, podemos falar em nossos amores, que são dois.
Quando o outro parte, desfaz-se o laço, mas o meu amor permanece. Quando compreendemos que o amor é o encontro de duas singularidades, deixamos de temer os nós, pois este amor não prende, liberta. Já a paixão, ilusão do plural reunido em um pronome, é a projeção do eu que busca o nó consigo mesmo. A paixão é cega, o amor é pré-vidente. A paixão consome, o amor cuida.
Só amamos quando aceitamos a absoluta solidão do ser, quando reconhecemos que o outro não vai acabar com a falta que origina o nosso desejo. Amar exige aceitar a precariedade dos laços, reconhecer-se separado para ver-se ligado, conhecer seus limites para contemplar o outro. Amor é devoção, é manifestar a gratidão por quem te faz sentir ligado, quando na verdade somos sós. O amor é o presente de sentir que existe o laço com outro ser, quando na verdade vivemos o abismo do abandono diante do mistério da vida e da morte. Diante do milagre do amor, o outro é o altar onde eu celebro o mistério. Devo tocá-lo com o cuidado que o sagrado exige. Nossa união deve ter a delicadeza de um laço.
Agradeço a permissão do Prof. Patrus pela divulgação do texto.
Roberto Patrus-Pena é pesquisador e professor do Mestrado e Doutorado em Administração da PUC Minas, filósofo, psicólogo e psicoterapeuta.
Roberto Patrus-Pena
Quando nascemos, o fio que nos ligava à origem mãe foi cortado. O primeiro nó é o umbigo, ônfalo, memoria da origem, nó cego, dado para estancar a ferida aberta da primeira e definitiva perda. Quando Apolo divide os andróginos em dois, a mando de Zeus, o umbigo é deixado como registro da nossa condição de fendido, cortado, para nos lembrar da impossibilidade de completude, condição exclusiva dos deuses.
Incapazes de aceitar tal desamparo, cremos na possibilidade de religação, iludidos pela possibilidade da construção de um “nós”, pronome da 1a pessoa do plural. Tal busca se condena ao fracasso quando queremos fazer, da nossa relação com o outro, um nó. Inseguros pela angústia da primeira perda, buscamos prender o outro e nos prender a ele, queremos que o “nós” esteja firme como um nó. Ilusão.
Com o outro, não fazemos nós; só podemos fazer laços. O nós com o outro é a ilusão da ligação definitiva, perene. Não existe. O nó só pode ser dado em si mesmo. É sempre cego, como a paixão. O amor, ao contrário, vê o outro, e reconhece que só há ligação se o outro também a deseja. Daí a fragilidade da relação amorosa: ela não depende só de mim. Por isso, com o outro fazemos apenas laços, metáfora da precariedade de sua permanência.
O nó embola, o laço enfeita. O nó aprisiona, o laço respeita a liberdade. O nó nega o outro. O laço reconhece a necessidade de cativá-lo permanentemente. O nó representa a ilusão da reciprocidade da relação, o laço representa a unilateralidade do vínculo. O nó quer o nó do outro, quer nós. O laço não exige o abandono da singularidade.
Separar do outro não é desfazer o “nós”, nem desfazer nós. Separar é desfazer o laço. Dói mais quando acreditamos na paixão, ilusão do “nós”, porque depois do laço desfeito, ficamos com nossos nós para desembolar sozinhos. Sentimo-nos, literalmente, arrebentados, o que exige reconstruir o eu, que nunca deveria ter deixado de sê-lo, pessoa primeira do singular. Por isso, não podemos falar em nosso amor. O amor é unilateral, parte sempre do eu para o outro. O amor do outro, a ele lhe pertence. Se existe, não sei. Com sorte, podemos falar em nossos amores, que são dois.
Quando o outro parte, desfaz-se o laço, mas o meu amor permanece. Quando compreendemos que o amor é o encontro de duas singularidades, deixamos de temer os nós, pois este amor não prende, liberta. Já a paixão, ilusão do plural reunido em um pronome, é a projeção do eu que busca o nó consigo mesmo. A paixão é cega, o amor é pré-vidente. A paixão consome, o amor cuida.
Só amamos quando aceitamos a absoluta solidão do ser, quando reconhecemos que o outro não vai acabar com a falta que origina o nosso desejo. Amar exige aceitar a precariedade dos laços, reconhecer-se separado para ver-se ligado, conhecer seus limites para contemplar o outro. Amor é devoção, é manifestar a gratidão por quem te faz sentir ligado, quando na verdade somos sós. O amor é o presente de sentir que existe o laço com outro ser, quando na verdade vivemos o abismo do abandono diante do mistério da vida e da morte. Diante do milagre do amor, o outro é o altar onde eu celebro o mistério. Devo tocá-lo com o cuidado que o sagrado exige. Nossa união deve ter a delicadeza de um laço.
Agradeço a permissão do Prof. Patrus pela divulgação do texto.
Roberto Patrus-Pena é pesquisador e professor do Mestrado e Doutorado em Administração da PUC Minas, filósofo, psicólogo e psicoterapeuta.
segunda-feira, novembro 30
Como rosas cálidas
As incertezas continuam as mesmas. O tempo pode passar, a gente pode crescer, mas elas ficam.
As inseguranças também não mudam, ficam encobertas. Todo cuidado é pouco pra não deixar que haja quem as descoberte.
As seguranças se alimentam.
As certezas ainda bem nunca aparecem.
Inópias, cálidas rosas.
Verossímeis pensamentos perdidos.
Disso, sua vida, de repente, virará o reflexo.
As inseguranças também não mudam, ficam encobertas. Todo cuidado é pouco pra não deixar que haja quem as descoberte.
As seguranças se alimentam.
As certezas ainda bem nunca aparecem.
Inópias, cálidas rosas.
Verossímeis pensamentos perdidos.
Disso, sua vida, de repente, virará o reflexo.
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Assim apenas sim
Feliz dos infelizes, infelizes felizes, vivendo na arte da complexidade dos que realmente vivem. Felizes infelizes, infelizes que felizes, vivendo como inocentes com os corações despedaçados, falsos pedaços de plástico derretido. Alguns juntam, outros espalham. Os felizes dos infelizes os ajuntam, os outros, rá, esses despedaçam.
Novo Gênero
Gigantes infinitos não amam
E se assim desejassem também não amariam
Gigantes infinitos não aman
E se assim quisessem também não amariam
Gigantes infinitos não amam
E se assim pudessem também não amariam
Não amariam gigantes infinitos
Com certeza não amariam
E não amariam também se desejassem
não amariam também se quisessem
amariam também se pudessem
também se amassem
se amassem
E se assim desejassem também não amariam
Gigantes infinitos não aman
E se assim quisessem também não amariam
Gigantes infinitos não amam
E se assim pudessem também não amariam
Não amariam gigantes infinitos
Com certeza não amariam
E não amariam também se desejassem
não amariam também se quisessem
amariam também se pudessem
também se amassem
se amassem
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domingo, novembro 29
Do canto ao encanto entre um imenso desencanto
Viajando nas notas mi e eis que tu tu... tu tu... tu tu... tu tu...
Eis que volto à realidade, mas a música me carrega novamente a um mundo que só a gente próprio conhece.
E agente vai levando a vida num ritmo suave e bruto intercaladamente e vai girando a roda viva, viva roda, suave e bruta, gira girando.
E numa dose de devaneios diários
de sonhos acordados
de uma pitada de realidade nos sonhos
Viajando nas baixas freqüências, altas que não correspondem ao momento comum
Eis que não sei se vivo ou se sonho, ou se acordo ou se durmo, se desisto ou se vou levando
Eis que passo a vida inteira me perguntando e respondendo a vida e, vivendo somente uma vez.
Quando de repente desisto, e encanto
Eis que volto à realidade, mas a música me carrega novamente a um mundo que só a gente próprio conhece.
E agente vai levando a vida num ritmo suave e bruto intercaladamente e vai girando a roda viva, viva roda, suave e bruta, gira girando.
E numa dose de devaneios diários
de sonhos acordados
de uma pitada de realidade nos sonhos
Viajando nas baixas freqüências, altas que não correspondem ao momento comum
Eis que não sei se vivo ou se sonho, ou se acordo ou se durmo, se desisto ou se vou levando
Eis que passo a vida inteira me perguntando e respondendo a vida e, vivendo somente uma vez.
Quando de repente desisto, e encanto
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terça-feira, novembro 24
Voz do Brasil
Decidi que manteria o rádio ligado os 60 minutos. Surpreendente e conjuntamente com as badaladas dàs 7, me deparei com uma musiquinha introdutória nova seguida do mesmo jingle de sempre (não os da época da ditadura mas, pelo menos, os guardados em minha memória de quase 20 anos). Surpreendi-me ao perceber que essa “musiquinha introdutória” está menos desesperadora que o ritmo do jingle seguinte. E esse desespero debelado no jingle antes era o que anunciava “Voz do Brasil”. Era de assustar qualquer um e afastar qualquer despreocupado cidadão. Sim, quando criança eu tinha medo das 19h do rádio. Em casa, sozinha, no escuro do início da noite, escutar aquele som era o incentivo a ir correndo desligar o rádio e liberar altas doses de adrenalina no corpo - de medo. Mente de criança é cheia de fantasias e medos, de escuro, de fantasma. Pareciam os medos se aguçarem se o rádio estivesse ligado. Essa questão me impossibilitou muito escutar o programa, por muito tempo. Seria mais inteligente para mim, ligar o rádio (se ligar) uns dez minutos depois. Ainda hoje meus ouvidos doem com o jingle. São as remotas lembranças. E hoje, mantendo a minha própria promessa de manter o noticiário ligado, do início até o fim, percebi que ele precisa ser mais atraente aos ouvidos dos brasileiros. Pelo menos, no início. Esse programa de rádio – o mais antigo do Hemisfério Sul – ainda sofre. Ora, o noticiário é ótimo. É o balanço diário do poder no Brasil. É obrigatório para o exercício da nossa democracia, da nossa cidadania, da nossa deliberação. É, ainda, um instigador de uma dose de patriotismo. As coisas no Brasil, ora essa, é claro que funcionam. E a maioria do nosso povo insiste em dizer o contrário. O Brasil está longe de ser um país de completas maravilhas, ainda bem. Nunca se esgotarão as imperfeições, é preciso deixar claro. Mas andamos a passos largos e, vez por outra, retardamos. A questão é que ainda é preciso espalhar sementinhas políticas nos corações da nossa nação. E, hoje eu percebi que essa pode ser uma das formas.
segunda-feira, novembro 23
O estado absoluto de nobres próximos
Gritam os da posse de territórios próximos:
_ O Estado sou Eeeuuuuuuuuuuuuu
_ Cortem a cabeça!
_ O Estado sou Eeeuuuuuuuuuuuuu
São os problemas internos transpassando os muros da vizinhança.
_ O Estado sou Eeeuuuuuuuuuuuuu
_ Cortem a cabeça!
_ O Estado sou Eeeuuuuuuuuuuuuu
São os problemas internos transpassando os muros da vizinhança.
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domingo, novembro 22
Enumarração
Ter Sol no rosto, panhar manga, preparar a torta, abraçar a vó, brincar com o vô, fazer pão de queijo, fazer bagunça, produzir um curta, fazer doce, amassar biscoito, comer palha italiana, arrumar a mesa, quebrar a batedeira, sorrir, raspar a casca com o dente, fofocar, pegar Sol, cheirar ovo choco, lavar copo, correr de mosquito, pegar na colméia, ter medo dos intrusos do vizinho, falar do dia, molhar o armário, fazer revelações, admirar os espantalhos, passar o dia a toa, sem preocupações, como uma criança...
Eita domingo mineirinho!
Eita domingo mineirinho!
sexta-feira, novembro 20
Instituciónilegal
E aí brother, vai fazê nada não? Não, não tô de bobêra, quê dá um tapinha não. O irmão possu não, vô lá pru serviço, prá num dá mole vo pegá um buzão. Falô véi, vai trampa pra nóis. Vê si num esquece dos fuguete cinco da madruga. A rapaziada já ta loca pra chegá a carga do vizin. Pó dexá mano vô lá olhá as nota da carga, muita lá pra dá baxa. Falow.
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Uma saudação de louvor: O futuro há uma semana já passou
Rua, rua, rua, o universo é uma grande rua. Encontrou-se água na Lua. Já dividiram até lotes. Quantas sortes! Mas, o silício já tá pedido. O daqui já ta perdido. Encontrou-se água. Encontrou-se água. Encontrou-se a solução. Hahaha vão poder lamber sabão. Acabou-se o problemão. Vão mandar gente prá Lua. Refugiado ganhou casa. Todo mundo foi pra lua. O coelhinho saiu da toca. E a águia também... Deus proteja nosso satélite. Amém Amém Amém
A falta de percepção da falta
A comida estava sempre sem tempero. Era exótico esse estilo de vida na classe daquela época. Tinha sal, mas comer não podia porque de pressão alta sofria. Comia sempre de cara feia, tampava o nariz e nem sentia o gosto. Então saia para comer na rua, comia tudo quanto era besteira. Podia tudo. Metade do salário ficava ali mesmo, na lanchonete, na quitanda, no restaurante, no bar. Mas, quem se importava? Até que um dia, o dinheiro acabou. As coisas por lá ficaram mesmo muito ruins. Hão de ficar piores. De repente a comida acabou. Não tinha reserva. Fecharam-se as fronteiras. Não tinha poupança. De lá mendigue passou a viver. Com tempero ou sem tempero importava agora já não. O importante era comer, já que nada tinha pro fogão.
Independência Males Morte
Milhares, milhões, bilhões de pessoas ainda lançam o grito de independência ou morte. Aclamam a saída para o não-sofrimento. Proclamam a imagem da salvação. Glorificam a longínqua esperança. Oscilam na coexistência. Pacífica Coexistência. Convulsa.
Estados Fracos, Homens Rebeldes. Natureza Suicida a Natureza.
Oh! Inópia Felicidade. Oh! Rica Fé. Oh! Eterna idade que fazem nesse eco infindável de independência ou morte.
As cidades não têm nome
Um tiro aqui e logo, tiro em qualquer lugar.
Um perdido aqui e logo, perdidos em nenhum lugar.
Sem paz aqui, muito menos em outro lugar.
Oh fleuma! Oh fleuma!
Pra onde vai pleonasta fleuma?
Um perdido aqui e logo, perdidos em nenhum lugar.
Sem paz aqui, muito menos em outro lugar.
Oh fleuma! Oh fleuma!
Pra onde vai pleonasta fleuma?
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terça-feira, novembro 10
Escorregadia Verossímil Vilania
domingo, novembro 8
A missiva oculta de quem tem essa vida feliz.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que a missiva de contínuo ficará encoberta.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que oculta fica, mas ressalta.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que de quem assim o vê vive.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que tem muita ida e que não tem mais volta.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que essa jornada de forma eterna finda sempre hodierna.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que vida essa sofre perfeito o bastante para ir além do que tudo tem rotineiro.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe que feliz ainda imperfeito e venturoso se mantém numa natureza de cheio e vazio ócio.
E o passivo do amanhã de seis meses depois sabe.
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sábado, novembro 7
Baila la dance della via
sábado, outubro 31
Um pingo fora do ponto
.
O céu se arama, paira no horizonte a figura imaginada de uma constante e intensa queda. As águas continuam se unindo e aquele pingo reluzente, continua só!
Só. Pingo Reluzente. Só.
.
O céu se arama, paira no horizonte a figura imaginada de uma constante e intensa queda. As águas continuam se unindo e aquele pingo reluzente, continua só!
Só. Pingo Reluzente. Só.
.
Civiliza Percepção
E lá está a boiada no meio da civilização a cantar. E, a cantar está lá no meio da civilização a boiada.
O boiadeiro no meio da civilização começa a cantar. Os carros passam, ninguém percebe que ali paira a paz em tempos de guerra. Eles cantam, ninguém percebe que ali paira a guerra em tempos de paz.
E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas por uma canção. E quem irá dizer que não existe canção.
Apenas aqueles que somente ouvem a civilização a fracassar. Apenas aqueles que somente ouvem. Apenas aqueles que somente. Apenas aqueles. Apenas.
E a boiada vai passar, vai mudar, vai parar.
O boiadeiro no meio da civilização começa a cantar. Os carros passam, ninguém percebe que ali paira a paz em tempos de guerra. Eles cantam, ninguém percebe que ali paira a guerra em tempos de paz.
E quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas por uma canção. E quem irá dizer que não existe canção.
Apenas aqueles que somente ouvem a civilização a fracassar. Apenas aqueles que somente ouvem. Apenas aqueles que somente. Apenas aqueles. Apenas.
E a boiada vai passar, vai mudar, vai parar.
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quarta-feira, outubro 28
A Voz do Canto
Realizava há muito. Realizava. Há dois dias aconteceu algo como se realizasse um sonho. Talvez não tivesse pensado tão a fundo o que aquele momento significava para seus desejos passados. Talvez ainda não tenha consciência do quão aquele momento foi importante. Talvez não tivesse tido tempo. Continuava perdido em pensamentos outros que, não o deixavam ao menos desfrutar plenamente de suas conquistas. Tão anteriormente, conquistas cantadas com uma voz de desejo e batalha. Não foi a primeira vez que acontecia algo assim, e talvez não fosse a última. Talvez fosse um descaso com os próprios anseios, com a própria vontade, com a própria alegria, com a própria superação. Ou então talvez estivesse mesmo perdido, a tal ponto de desconhecer o conquistado e o desejado e seus tortuosos e ligados caminhos. Enfrentava há muito uma maré intensa de dúvidas. Enfrentava a miragem de uma imensidão de obviedades. Enfrentava há muito. Enfrentava. Há dois dias enfrentava algo como se afastasse, um sonho.
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No ritmo de Szpilman
Foi interessante notar que, nos tempos de paz, um menino batia com os talheres no alvo prato de porcelana ao fundo do restaurante. O ritmo era das notas que saiam do piano. O instrumento. E, numa expressão genial da figura daquele menino as pessoas o analisavam com um semblante de dúvida. Como se voltassem ao tempo de Forrest Gump e percebessem que ele talvez fosse dotado de muita genialidade. Os clientes se comportavam incrivelmente como nas cenas de um filme. Talvez o de Polanski. Mas, aquele cenário nada pareceria com o mais rotineiro das cenas possíveis. Não era real. Definitivamente. Até que o pequeno infante larga os talheres, quando algo nos outros olhares o incomodou. Mas suas mãos à mesa continuaram dançar de forma singela conforme ditava a música, como se ninguém o notasse. Todo mundo notou. Todo mundo notava até que a música parou, o menino esquivou-se de sua melancolia e todo mundo voltou a olhar para o que fora posto em seus pratos.
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segunda-feira, outubro 26
Um nome, uma história e uma explicação posterior
Mais uma vez é contemplada a garotinha com a herança escondida nos baús de seu predecessor. Ele deu a ela a honra materializada da vitória. Outrora, alcançava-se em apenas um segundo as pulsações que deveriam ocorrer em vários deles. Desta vez, um quase ataque foi constrangido, pois lhe foi avisado que algo de que supostamente gostaria muito estava prestes a surgir em seu campo visual. Ainda assim, ela se surpreendeu com a faixa verde-amarelo a radiar no peito de seu admirado compatriota na capa do livro repousado na estante. Seria então mais que uma obra do mais querido populista que já tivera sua nação, era o caminho para a capital, feitos ambos por ele mesmo.
Compartilhavam uma nacionalidade e por um triz a mesma naturalidade. Talvez não compartilhassem da mesma história, ainda. A garotinha poderia sim sonhar. E assim deveria, nas páginas daquele livro.
Compartilhavam uma nacionalidade e por um triz a mesma naturalidade. Talvez não compartilhassem da mesma história, ainda. A garotinha poderia sim sonhar. E assim deveria, nas páginas daquele livro.
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segunda-feira, outubro 19
O sub-desenvolvimento de nossas artes: Oh! Inópia Sustentabilidade.
O Zé da Esquina está com a parede rachada e, ao invés de cimentá-la e alinhá-la, ele passa uma demão de massa e tinta por cima. Afinal, semana que vem é aniversário da sua mulher e ficaria muito feio se recebem os convidados com a parede prestes a cair, e ainda pior, deixar que vejam a situação. Talvez o prefeito da cidade venha visitá-los porque é época de eleição e ele quer aparecer e se achegar mais ao povo.
“Óia, mia Nossa Sinhora, o prefeitu num pode vê essas coisa na paredi. Vamu fazê uma pintura que vai ficá até bunito por dimais. Ô mia Nossa Sinhora, proteja nóis das chuva e faz com qui nóis possa conserta dispois essa parede dispois di comprá um carro pra nossa fiota.”
Pode ser que a arte desse “jeitinho”, essa solução a curto prazo possua algo de racional. Entretanto essa semi-racionalidade vem assolando a história do nosso povo também de outras fontes e formas.
Da mesma forma que o Zé da Esquina quer veementemente, ainda que não seja sua realidade, demonstrar a suas visitas o bom estado de suas instalações, os nossos dirigentes nos trazem o desenvolvimento velado pelo grandioso crescimento econômico. A cor do desenvolvimento encobre as ranhuras das políticas liberalizantes que não são, repito, não são capazes exclusivamente de distribuir de forma permanentemente sustentável a renda.
O Chefe cobre-se do manto do crescimento sacrificando a riqueza progressiva do povo e retarda o desenvolvimento. Da mesma forma, o Zé da Esquina cobre sua parede com tinta para fingir que é próspero o bastante para mantê-la em bom estado. Nem um, nem outro. Na escala macro e micro deu-se um pulo para voltar atrás. Corremos sempre, oh meu Deus, diante o remédio para todos os males para ficar parados a se lamentar as mazelas da nação. Por isso eu digo, não pulem, não corram, caminhemos, senão a casa cai.
“Óia, mia Nossa Sinhora, o prefeitu num pode vê essas coisa na paredi. Vamu fazê uma pintura que vai ficá até bunito por dimais. Ô mia Nossa Sinhora, proteja nóis das chuva e faz com qui nóis possa conserta dispois essa parede dispois di comprá um carro pra nossa fiota.”
Pode ser que a arte desse “jeitinho”, essa solução a curto prazo possua algo de racional. Entretanto essa semi-racionalidade vem assolando a história do nosso povo também de outras fontes e formas.
Da mesma forma que o Zé da Esquina quer veementemente, ainda que não seja sua realidade, demonstrar a suas visitas o bom estado de suas instalações, os nossos dirigentes nos trazem o desenvolvimento velado pelo grandioso crescimento econômico. A cor do desenvolvimento encobre as ranhuras das políticas liberalizantes que não são, repito, não são capazes exclusivamente de distribuir de forma permanentemente sustentável a renda.
O Chefe cobre-se do manto do crescimento sacrificando a riqueza progressiva do povo e retarda o desenvolvimento. Da mesma forma, o Zé da Esquina cobre sua parede com tinta para fingir que é próspero o bastante para mantê-la em bom estado. Nem um, nem outro. Na escala macro e micro deu-se um pulo para voltar atrás. Corremos sempre, oh meu Deus, diante o remédio para todos os males para ficar parados a se lamentar as mazelas da nação. Por isso eu digo, não pulem, não corram, caminhemos, senão a casa cai.
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terça-feira, outubro 13
Protocolado - Pág. 6 (Luzes, Luzes)
Removido pela autora
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Faço menção à participação célebre do querido colega Caio Perona em uma série de perguntas feitas a Zelaya pela equipe da Folha na Embaixada Brasileira em Honduras.
Pergunta - A premiação do presidente norte-americano, Barack Obama, com o prêmio Nobel da Paz significa a vitória da diplomacia sobre a tirania? Como essa nova tendência, que enfatiza a conversa e o multilateralismo, pode contribuir para a resolução da crise política em Honduras? (Caio Perona - Belo Horizonte, MG)
Manuel Zelaya - Considero correto o prêmio para Barack Obama para que ele leve a cabo e realize a sua proposta. Os seus grandes desafios para a paz são Afeganistão, Iraque e Honduras. Tirar a violência desses países é o grande desafio de Obama. Assim como eliminar as armas nucleares.
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Faço menção à participação célebre do querido colega Caio Perona em uma série de perguntas feitas a Zelaya pela equipe da Folha na Embaixada Brasileira em Honduras.
Pergunta - A premiação do presidente norte-americano, Barack Obama, com o prêmio Nobel da Paz significa a vitória da diplomacia sobre a tirania? Como essa nova tendência, que enfatiza a conversa e o multilateralismo, pode contribuir para a resolução da crise política em Honduras? (Caio Perona - Belo Horizonte, MG)
Manuel Zelaya - Considero correto o prêmio para Barack Obama para que ele leve a cabo e realize a sua proposta. Os seus grandes desafios para a paz são Afeganistão, Iraque e Honduras. Tirar a violência desses países é o grande desafio de Obama. Assim como eliminar as armas nucleares.
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quinta-feira, outubro 8
O fim do presente e a chegada do amanhã
Milhares de carros enfileirados, rugidos dos mais diversos motores, o asfalto a fritar pelos raios do céu e o eterno canto da multiplicação das cigarras atrai a chuva.
Cria-se, por mais rotineiro de primavera que seja, um ambiente aterrorizante, de forma a incitar diversas estórias do fim do mundo.
Eu realmente acreditaria que fosse a chegada do fim, mas não posso deixar de citar que o que chegou foi o amanhã, o futuro.
Ter o MELHOR CHANCELER DO MUNDO.
Ter o PRESIDENTE MAIS POPULAR.
Ter uma COPA.
Ter uma OLÍMPÍADA.
E ter milhares de coisas que seriam somente pertencentes ao futuro, no dia de hoje, é realmente muito “patriotizante”.
Fim, só se for do velho mundo!
Cria-se, por mais rotineiro de primavera que seja, um ambiente aterrorizante, de forma a incitar diversas estórias do fim do mundo.
Eu realmente acreditaria que fosse a chegada do fim, mas não posso deixar de citar que o que chegou foi o amanhã, o futuro.
Ter o MELHOR CHANCELER DO MUNDO.
Ter o PRESIDENTE MAIS POPULAR.
Ter uma COPA.
Ter uma OLÍMPÍADA.
E ter milhares de coisas que seriam somente pertencentes ao futuro, no dia de hoje, é realmente muito “patriotizante”.
Fim, só se for do velho mundo!
domingo, outubro 4
N de Não Somente Memórias
Ainda que a estrada tenha sido longa
Ainda que a vivência tenha sido pouca
O Sol já não se desperta
Pra mim como pra você.
Ainda que estejam plantadas minhas mais lindas e remotas lembranças.
Ainda que tenha me iluminado e abençoado por toda vida.
A Lua se mostra mais triste
Para mim e não para você.
Ainda que tenha crescido
E não mais sibile pequenas palavras.
Serei para sempre a pequena Teté.
Terei a lembrança de um ancestre
De um grande terrestre
A se iluminar na eterna Sé.
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sexta-feira, outubro 2
E quem um dia poderá dizer?
Fim de tarde. Poeira baixada, chuvinha fina. Belo horizonte. Fim de tarde. Vapor total, o brilho a radiar. Belo horizonte. Fim de tarde. Caem todas as águas sobre nós. Mas ainda sim, o horizonte continua belo. Planos feitos, realizados e perfeitos. Mas ainda restam as gotas de dúvidas e saudade que escorrem pelo pára-brisa nesse belo fim de tarde diário. E elas sujam a visão pretendida, a de enxergar mais longe. E fica realmente difícil seguir em frente. Se for arriscado ou não, bem, somente o tempo poderá dizer.
quinta-feira, setembro 17
Uma ilusão de devaneios diários
Acordar para um novo dia. Espreguiçando sem compromissos, sem muitas responsabilidades. Contando com apenas um sonho.
Acordar e se sentir livre, escolhendo os próximos passos a dar, com tal liberdade a fazer parecer escapar da rotina de qualquer dia comum.
Olhar para o alto e ver a imensidão que só um sonhador consegue ser capaz de enxergar. E voar, voar, voar. Sem pisar no chão, imaginar.
Parecer e mais ainda, entender a vontade como algo tangível, algo belo e nada perecível.
Um sonhador ao se despertar se sente assim. Todos os dias. Bem longe ou bem perto de sonhar, bem longe ou bem perto de alcançar.
Não tem medo, não tem receio, não tem temor.
Sinonimamente romanesco e nada idealizador.
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sábado, setembro 12
O mundo da oferta naturalmente apimentada pelo chocolate
E essa endorfina que corre pelas veias de dependência possui o poder de mudar o mundo. Se é que se tenha uma solução para todos os problemas, acredita-se que a solução teria esse nome. Mas ela anda escassa, não se torna tão presente quanto no mundo das fantasias e se é que falta alguma coisa nos outros mundos seria exatamente essa. Que eu ria hoje melhor do que ri ontem e pior do que rirei amanhã, este não é o lema que muita gente poderia ter nos últimos tempos. O “riar” está entre crise, entraram em colapso os bancos de endorfina. Mas acreditam que ainda sim é possível surfar nessa marolinha inópia de risadas. Hormonam-se sem que seja preciso de uma sina intervenção. Refiro-me a algo que definitivamente não tem preço, não tem comércio, não tem negócio. É free.
P.S.: Procurem sobre a Terapia do Riso.
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quinta-feira, setembro 10
Coisa de Cliente
“Já que o horário de funcionamento das lojas quase se esgota acho que vou passar primeiro na relojoaria e depois na farmácia”, pensei. Decidi entrar na relojoaria e afins tradicional no bairro de uma família japonesa. Ao entrar, estão lá como sempre a família reunida, desta vez somente o casal de meia idade.
_ Boa Noite! Preciso de duas baterias destas! Vocês têm?
Entregando-as a mulher e ela sem tirar o olho da televisão, que passava uma novela de uma rede famosa, ela as passa para seu marido. Ele, sem testar a carga das baterias diz:
_ Seis reais cada.
Embora estivessem somente um real mais caras que da última vez, há muito, pensei em pechinchar:
_ E com desconto?
A japonesa que parecia alheia à situação, preocupada em saber o desenrolar da história que se passava na TV, surpreendentemente responde:
_ Ali em baixo é mais barato!
_Ahn? Como é que é?
E com toda seriedade:
_ É lá em baixo, nos camelôs daqueles meninos é mais barato.
O marido balança a cabeça contestando com uma risadinha:
_ Mas não presta!
_ Ok, muito obrigada! – Shhh.
Eu sabia que não prestava. Fui lá porque queria um bateria made in Japan, e motivada tradicionalmente pelo comércio deles. Enfim, sai da loja e a “lei” da concorrência falou mais forte. Fui à loja ao lado, do mesmo departamento e comprei as mesmas baterias, sem diferença de preço e sem desconto, infelizmente. Porém existe algo que é extremamente importante na lógica do comércio, a negociação e mesmo que não seja possível ceder por que talvez o lucro seja pequeno, a cortesia. Perder demanda desta forma é realmente fácil.
_ Boa Noite! Preciso de duas baterias destas! Vocês têm?
Entregando-as a mulher e ela sem tirar o olho da televisão, que passava uma novela de uma rede famosa, ela as passa para seu marido. Ele, sem testar a carga das baterias diz:
_ Seis reais cada.
Embora estivessem somente um real mais caras que da última vez, há muito, pensei em pechinchar:
_ E com desconto?
A japonesa que parecia alheia à situação, preocupada em saber o desenrolar da história que se passava na TV, surpreendentemente responde:
_ Ali em baixo é mais barato!
_Ahn? Como é que é?
E com toda seriedade:
_ É lá em baixo, nos camelôs daqueles meninos é mais barato.
O marido balança a cabeça contestando com uma risadinha:
_ Mas não presta!
_ Ok, muito obrigada! – Shhh.
Eu sabia que não prestava. Fui lá porque queria um bateria made in Japan, e motivada tradicionalmente pelo comércio deles. Enfim, sai da loja e a “lei” da concorrência falou mais forte. Fui à loja ao lado, do mesmo departamento e comprei as mesmas baterias, sem diferença de preço e sem desconto, infelizmente. Porém existe algo que é extremamente importante na lógica do comércio, a negociação e mesmo que não seja possível ceder por que talvez o lucro seja pequeno, a cortesia. Perder demanda desta forma é realmente fácil.
segunda-feira, setembro 7
Depois de Independência ou Morte, Males do Século XXI
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE.
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE TUDO PODE
VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE VOCÊ PODE.
quinta-feira, setembro 3
Participação Especial: Carolina Neves da Cruz
Fustigado pelas sombras do dia
.
Não sei onde tudo me acaba
Se parto, se fico
Agora não faz mais sentido
Eu não sei onde me acho
O que cabe a mim do céu
É o teu pedaço
O pedaço de ti, não dele
O que cabe da terra, é vagar insossa
Olhando tudo
Com olhar de bêbada
Tomando cuidado de não esbarrar em nada
Teu segredo
Não mais oculto
Mas continua guardado no meu peito
O teu gosto,
Nunca tive o suficiente (ainda bem, não deixaria nada de ti)
Ainda alimenta o meu desejo
Deixa a boca cheia d’água
Os olhos também
.
Carolina Neves da Cruz
.
Não sei onde tudo me acaba
Se parto, se fico
Agora não faz mais sentido
Eu não sei onde me acho
O que cabe a mim do céu
É o teu pedaço
O pedaço de ti, não dele
O que cabe da terra, é vagar insossa
Olhando tudo
Com olhar de bêbada
Tomando cuidado de não esbarrar em nada
Teu segredo
Não mais oculto
Mas continua guardado no meu peito
O teu gosto,
Nunca tive o suficiente (ainda bem, não deixaria nada de ti)
Ainda alimenta o meu desejo
Deixa a boca cheia d’água
Os olhos também
.
Carolina Neves da Cruz
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domingo, agosto 30
Volare, oh oh...
Julia era filha única. De um lado a neta quase caçula, do outro a neta mais velha. Para outrem, talvez isso não faça a menor diferença, mas somente ela sentia tal responsabilidade. Para qualquer um talvez também não existissem maiores implicações, mas era ela, então ela sentia. Ela tinha um futuro feito, em suas mãos se ela quisesse, mas ela o trocou para lutar pelas coisas que queria. Ela queria lutar porque queria ser igual aos que a precederam e, ela, mesmo sabendo que, a vida e sua luta não são fáceis, ela queria passar por isso, queria sentir na pele como é conquistar, construir e mudar algo. Todo mundo perde o foco às vezes, ela se encantava pelo mundo e se iludia às vezes. Outrora percebia que tudo era difícil demais e causar mudança implicaria em muito mais luta e cooperação do que imaginara. Ficava sempre a olhar os seres que bailavam no céu. Algumas vezes conseguia tocar as asas da mudança quando de repente, ou o vento não a impulsionava ou decidia que era mais seguro voltar com pés ao chão. Ela não tirava os olhos dos espelhos, queria ver o quanto já tinha atingido o patamar de seus predecessores. Ela não estava ansiosa porque ela sabia que o tempo era a substância da vida. Ficava a se perguntar como conseguiria tal feito pois ela queria voar, mas com os pés no chão.
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terça-feira, agosto 25
Colher, há tempo se...
Eu li. “O Eclesiastes, o homem da assembléia, seu significado na língua grega, apresenta o pensamento de um sábio ancião com o intuito de instruir os jovens. Suas ricas exortações para conduzir bem a vida incluem sábias indicações no capítulo terceiro. Vale a pena recordá-las para reavivar, em oração, no próprio coração, tão pertinentes advertências e indicações. Ele diz: ‘Tudo tem seu tempo. Há um momento oportuno para cada coisa debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de destruir e tempo de construir; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de lamentar e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de as ajuntar; tempo de abraçar e tempo de se afastar dos braços; tempo de procurar e tempo de perder; tempo de guardar e tempo de jogar fora; tempo de rasgar e tempo de costurar; tempo de calar e tempo de falar; tempo de amor e tempo de ódio; tempo de guerra e tempo de paz.’”
Eu achei. Que talvez estivesse algo errado e que talvez tenha perdido O caminho.
Eu colhi. Hoje eu juntei uma pedra, ou colhi algo que semeei se assim queira entender. Talvez tenha demorado um pouco, mas quem importa? Enfim, chegou.
Eu achei. Que talvez estivesse algo errado e que talvez tenha perdido O caminho.
Eu colhi. Hoje eu juntei uma pedra, ou colhi algo que semeei se assim queira entender. Talvez tenha demorado um pouco, mas quem importa? Enfim, chegou.
Fig.: Leitura (1982), de Almeida Júnior. Pinacoteca do Estado, São Paulo.
sexta-feira, agosto 21
Perdida em Pensamentos
A figura veloz do carro deu lhe o tino de que estava dirigindo. Hoje é aniversário, faz três semanas que anda perdida nos pensamentos. O automatismo tomou conta, vive plenamente só com sua consciência prática. E, foi naquele momento que o guardião lhe entregou de volta a luz de seus anseios. Inicialmente e perdida novamente gondoleou, gondoleou, gondoleou...
terça-feira, agosto 11
"Nas favelas, no Senado, sujeira pra todo lado"
O lixo é um problema sério. A sujeira. Todo mundo acha que fica livre do lixo quando tira ele de casa. Não se preocupa para onde ele vai, o que fazem com ele e muito menos o que fazer para reduzir seu lançamento num lugarzinho específico na sociedade.
Melhor sensação não há quando ao perímetro dos olhos tudo está limpo. Sinais de sensação contrária incomodam bastante, mas é incrível como se deixa amontoar sempre mais e mais entulho até que fique inevitavelmente visível. Daí fica cada vez mais difícil limpar.
É só depois de cansar-se de gastar energia nas várias etapas de limpeza que finalmente o ser humano aprende que pode evitar acumular sujeira. Organiza-se de forma a livrar-se aos poucos desse mal que aflige a nossa nação.
O lixo volta. A sujeira volta. E aí caímos na real de que não é tão fácil livrar-se deles. Deles.
É realmente um infortúnio, mas, o que fazer se nesse nosso mundo todo mundo produz lixo.
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sexta-feira, julho 31
Mão da Esperança
Ainda entenderei exatamente o que aquela menina de 14 anos pensava ao recitar:
"O mar está em seus olhos
uma tempestade virá.
Os novos têm medo da vida,
os velhos, da morte."
quinta-feira, julho 30
Eles só querem descobrir
Não há dúvidas, essa é a inquestionável preocupação. O barulho das chicotadas vindas do outro lado girizam a camada mais humana da nossa gente. Inquietação que passa do terrorismo ao tráfico, mas as mulheres sempre são e serão as primeiras dignas de salvação. Afinal, sabem perfeita e exatamente como elas se sentem usando algo que as esconde por completo, porque afinal são também humanos e não há nada que se faça diferenciar. Cultura. É impensável um mundo, o nosso que gosta e precisa se mostrar, se escondendo por trás de uma burca. Mais seguro, risco. Por debaixo daqueles panos realmente nunca poderão saber quem são e o que fazem. Verão, alguém assim, muito embaçado. Segurança. Legalizemos descobrir. E, quem se importa com as reais e verdadeiras preocupações?
segunda-feira, julho 27
Café com leite pra ficar fortinho e crescer
Elas viviam numa época que o povo num queria muito saber de conquistar seus direitos não. Os males da representatividade faziam o povo deixar na mão de poucos o que era de todo mundo. E os poucos gostavam mesmo disso. Afinal, estavam feito filho sem mãe em plena adolescência. Quando alguém sai, os hormônios afloram e o poder de tudo fazer domina a situação até que uma besteira ocorra. E eles não tinham pai nem mãe pra consertar as malfeitorias deles. Aí tinham que tentar crescer depressa pra ver se conseguiam pelo menos fazer uma gambiarrazinha que pelo menos provisoriamente limpasse a sujeira do quarto. Assim, comemoravam a esperteza, mas sujavam tudo de novo com a pizza que pediam. Maria não sabia por que eles gostavam tanto de pizza, ela gostava mesmo era de um pão de queijo e uma queimadinha feitos pela mãe. No início, não gostava de café. Depois a dureza na batalha do seu cotidiano a fez precisar. Sabia que se tentasse juntar com leite num ia dar muito certo. Ou tomava o leite puro, ou tomava o leite com um pouquinho de café. Assim, só ela. No seu mundo, leite com café ou café com leite sempre eram as preferências.
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sábado, julho 25
Janbuck e mais corações a pulsar
Há momentos difíceis que, no limite, são realmente difíceis.
Podem vir de forma inédita e inesperada desenvolvendo rios de preocupação.
É daí que surge o valor da amizade.
Valor esse que talvez não seja ainda capaz de mover montanhas.
Mas a certeza que tenho é o seu poder em mudar o curso das águas.
Valor que acalma, que demonstra o quão não estamos sozinhos e talvez demonstre a importância de nossa relações.
As águas que caminham por um terreno de dor e medo desviam seu curso a um terreno fértil de carinho, atenção e muito do que é impossível de escrever ou se expressar.
O valor da amizade. Nunca se esqueçam dele. Nunca.
É por isso que eu agradeço. Sempre agradecerei sua presença. Sempre.
quarta-feira, julho 8
sexta-feira, junho 26
Dose de devaneios doentis
39,5 graus Celsius. Temperatura fora do normal, soberania física insegura. A causa são esses bárbaros bacterianos invasores. Em um clima seco faz aumentar a procura por um território quente e úmido para se sobreviver e se propagar.
19 Anos. Corpo saudável e bem alimentado, porém, com imunidade abalada. Talvez fosse um estresse físico, mental e psicológico juntando-se com uma gripe imperceptível, fazendo com que a minha vida virasse de cabeça para baixo.
A febre incessante sinalizava os 2/3 do pulmão esquerdo comprometido. O corpo é nada mais que merecedor de uma repentina internação. Foram 7 dias de tratamento intenso que o corpo jovem e saudável respondeu progressivamente bem. A pneumonia aguda inédita e inesperada assustou, e assustou muito. No início, muito susto e muito choro acalmados por visitas de pessoas queridas, boa alimentação e bons cuidados profissionais. Foi então aí que percebi que preciso mudar muitas atitudes, tiras alguns males e introduzir muita bonança. Mais que preocupar em construir um bom futuro incessantemente é preciso viver de forma saudável e sustentável no presente. O futuro virá bem se equilibrado deixar o presente. Talvez erradique alguns picos de estresse, excessos acadêmicos e maximize mais o descanso, a diversão e demais prazeres da vida.
Venci. Venci esses bárbaros invasores e fiquei com medo da resistência. Talvez por isso seja a primeira vez que esse orgulho presente demonstre um grande sentimento de vitória. Uma vitória de algo que testou meus limites e me fez pensar na condução da minha vida. Vida essa, essa nossa vida que parece ser forte e possante, mas que é frágil em muitos sentidos.
Além de um pulmão que ficará em recuperação nos próximos dias e meses, tratarei do meu coração e equilibrarei a preocupação com o cérebro, com o intelecto. Para o infinito e além, regarei os campos da minha fé.
Afinal, equilíbrio é o necessário, não é? Precisamos de tudo isso para viver, eu preciso disso. Essa nossa “nada mole vida”, cheia de valor e vulnerabilidade. Mas esses três “v”s – vida, valor e vulnerabilidade – que se interligam de tal forma a se confundir num mesmo ser, são outra história.
Carpe Diem. Oremos. Amém.
19 Anos. Corpo saudável e bem alimentado, porém, com imunidade abalada. Talvez fosse um estresse físico, mental e psicológico juntando-se com uma gripe imperceptível, fazendo com que a minha vida virasse de cabeça para baixo.
A febre incessante sinalizava os 2/3 do pulmão esquerdo comprometido. O corpo é nada mais que merecedor de uma repentina internação. Foram 7 dias de tratamento intenso que o corpo jovem e saudável respondeu progressivamente bem. A pneumonia aguda inédita e inesperada assustou, e assustou muito. No início, muito susto e muito choro acalmados por visitas de pessoas queridas, boa alimentação e bons cuidados profissionais. Foi então aí que percebi que preciso mudar muitas atitudes, tiras alguns males e introduzir muita bonança. Mais que preocupar em construir um bom futuro incessantemente é preciso viver de forma saudável e sustentável no presente. O futuro virá bem se equilibrado deixar o presente. Talvez erradique alguns picos de estresse, excessos acadêmicos e maximize mais o descanso, a diversão e demais prazeres da vida.
Venci. Venci esses bárbaros invasores e fiquei com medo da resistência. Talvez por isso seja a primeira vez que esse orgulho presente demonstre um grande sentimento de vitória. Uma vitória de algo que testou meus limites e me fez pensar na condução da minha vida. Vida essa, essa nossa vida que parece ser forte e possante, mas que é frágil em muitos sentidos.
Além de um pulmão que ficará em recuperação nos próximos dias e meses, tratarei do meu coração e equilibrarei a preocupação com o cérebro, com o intelecto. Para o infinito e além, regarei os campos da minha fé.
Afinal, equilíbrio é o necessário, não é? Precisamos de tudo isso para viver, eu preciso disso. Essa nossa “nada mole vida”, cheia de valor e vulnerabilidade. Mas esses três “v”s – vida, valor e vulnerabilidade – que se interligam de tal forma a se confundir num mesmo ser, são outra história.
Carpe Diem. Oremos. Amém.
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quinta-feira, junho 11
Era sempre Ele
Um copo de uísque. Sem gelo, era caubói. E lá ele estava só, na varanda da taberna a pensar na sua passante. Chamava de sua, pois sabia que um dia a teria, achava que o amor funcionava assim como um jogo fácil de apostar. Estava lá fora sem seus amigos por que sabia que era naquela hora que ela voltava para casa com flores repousadas na cesta. Ela parecia andar sempre de forma imediata quando ele se punha a admirar o balançado que, sem igual, embelezava seu vestido sutilmente encardido de terra. Chamavam-lhe a atenção as pequenas flores enfeitando sua trança. Alguns fios de seu cabelo já haviam se soltado ao longo do dia e dançavam juntamente com ela naquele rosto de pele delicada e semblante avoado. Tomou mais um último gole da bebida. Dessa vez estava decido que falaria com ela. Bateu o copo na mesa, bronco que era. Levantou-se e ao invés de caminhar, parou. Um grito a chamá-la, ele ouviu. Quando viu a estrela ligada ao peito não acreditou que a voz vinha do admirado xerife da vila. Ao invés de ir ao encontro então, entrou para apostar com os amigos e aproveitar a música no salão. Pouco tempo depois, com o tempo já sombrio e apostas ganhas, saiu, foi marchar junto ao seu Corcel Negro para seu canto do velho oeste. Com a sua dona nos pensamentos voltaria e a conseguiria.
terça-feira, junho 9
Era sempre Ela
Ele ajoelha e lhe entrega um presente. Ele ajoelha e lhe entrega rosas. Ele ajoelha e lhe entrega cartas. Ele ajoelha e lhe entrega uma homenagem. Ele ajoelha e lhe pede uma nova chance. Como aquele outro poderia ser tão ingrato e não perceber o quanto era valorizada. Na verdade, as dúvidas eram quem tomavam conta daquele coração solitário. Não era ingratidão, ela no fundo não queria magoar. Ela não sabia lidar muito bem com o outro que quer perpassar a fronteira dos seus sentimentos. No fundo ela era quem mais sofria. Convivia com a relativa solidão e no fundo idealizava coisas que já possuía. Tão forte por fora, tão frágil por dentro.
Ela ajoelha e lhe entrega palavras. Ela ajoelha e lhe entrega sentimentos. Ela ajoelha e lhe entrega momentos. Ela ajoelha e lhe entrega satisfação. Ela ajoelha e lhe entrega desejos. Como aquele outro poderia ser tão egoísta e não perceber o quanto sua natureza era sensível. Na verdade, a verdade não era procurada por ela. Não era egoísmo, no fundo eles queriam sentir o que ela podia sentir mesmo que não tenha o que eles queriam ter. Ela não sabia lidar muito bem com uma realidade que não permitia seu mundo de sonhos. Mas no fundo ela não sofria tanto. Convivia com a relativa solidão e no fundo idealizava coisas que já possuía. Tão forte por fora, tão frágil por dentro.
Fig.: O Balanço (1968) , de Fragonard. 82 cm x 65 cm. The Wallace Collection, Londres.
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segunda-feira, junho 8
Resposta
Olá,
Independente de estar feliz ou triste externamente, eu ainda guardo uma sensibilidade tendenciosamente alegre dentro de mim, e sou capaz de reconhecer isso. As expressões contraditórias que transcendem meu eu, não passam de regras estritamente fisiológicas que transpassam o controle da minha racionalidade e até mesmo meu tão dito auto-controle, citado por especialistas. Por mais preponderantemente auto-equilibrada que seja e me faça, em alguns momentos, como disse algo foge ao meu controle. Bem, isso não é de todo mal.
Digo isso porque, mesmo não tão equilibrada mas ainda sensível, sempre estarei a adorar o que sempre admirei.
Me falaram para contemplar a linda lua cheia que se mostrava em um céu límpido. Ironia momentânea, ao abrir a janela o que vi foram somente inúmeras pequenas nuvens acinzentadas belamente intercaladas em um tirante a negro céu.
Um pouco tempo depois, voltando a olhar com esperanças de que me surpreenderia, o ineditismo se fazia presente apenas num singela, pequena e longínqua estrela a brilhar.
Olharei novamente, e procurarei pelo astro na mesma fase em que vi quando abri as portas para esse mundo. Ainda hoje, não vi São Jorge e seu dragão, mas os verei em breve. Perdoe-me então por não ter visto, o infinito, da mesma forma.
Abraços,
Garotinha
Fig.: A Noite Estrelada, Vincent Van Gogh (1889-1890) 73,7 x 92,1 cm. The Museum of Modern Art, New York.
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domingo, junho 7
Escola num Muro Escola
Pausa pra reflexão na mensagem que paira no muro recém-pintado da escola:
"O brilho da lua
me atrai pra rua"
Uma arte real e uma pobre rima literal. Uma arte em cima do patrimônio de poucos, de todos, do outro, que não é dele e que ele não tem. Uma rima vinda dos marginalizados que sofrem e se alegram.
O vandalismo é um meio de fazer correr adrenalina nas suas veias, no sangue misturado sangue. Porque nas suas festas não tem rock e não tem roll. Tem é pop porque não poupa ninguém levando tiro a queima roupa.
Vou cantar como os Mc's
sabe como é que é
encontrar os brother
pra dar um rolé.
E a substância
vou pegar na mina
pra enfrentar os mano
e pegar nas mina.
Vai me dar maior coragem
pra endoidar nessa viagem.
Colé véi, tá me estranhando
fica ai parado, tá é vacilando.
sexta-feira, junho 5
Gente Grande
Enquanto aquilo em meados da década de 30:
_ Mamãe, quem é esse homem que nos fala de forma a incitar os animos de todos que o assistem?
_ Quem são esses homens uniformizados que andam num ritmo fortemente marchante?
_ Não consigo entender essas palavras, mas o quão são belas essas bandeiras hasteadas intercaladamente envolvendo não só o estádio, mas a todos nós! Quereria tanto alcançá-las... Erguerei meus braços da mesma forma como faz toda essa multidão.
_ Mais bonito ainda são todas essas grandiosas construções! Tudo aqui parece muito bonito, não acha?
_ Aqueles homens e aqueles sapos gigantes meio quadrados... O que eles fazem? Para que servem? Para quem servem?
_ O bigode daquele homem é mesmo muito engraçado, mas... por que o seu olhar é tão duro? Essa assimetria medonha pertecente a sua face me deixa...
_ Mutter! Me segura? Quero ir pra casa, pareço estar tão longe. Acho que não sei o que significa isso. O que é Nationalsozialismuse?
quinta-feira, junho 4
Verossímil Inópia Fé
Ela estava lá. Lá estava ela. A figurar dentro do ônibus, um mundo diferente. Fecham-se involuntariamente seus olhos com a luz do Sol que penetra. O Sol, “ah como ele faz bem e não é egoísta em compartilhar de sua beleza”. Ela lembra como o bem faz mal. E ao redor, os olhares. Assim como tostada ao Sol, ela seca diante essa situação de constrangimento do seu eu radiante. Mas diante dela a canção exteriorizada de uma mulher a faz pensar que não era a única a recuperar-se à energia do Sol. “...Olha para mim Senhor, como eu preciso do teu olhar, do teu olhar...” As lágrimas não se seguram e caem brilhantes à luz predominantemente penetrante. Aquela melodia significatica, ritmizada e repetida acompanhou todo um trajeto em caminhos que ela já não conhecia mais. Ela afinal estava confusa porque tudo que pensava ela já pensava o contrário. E lá estava aquela mulher trazendo consigo um mundo completamente diferente. Ela levanta-se e sai. A outra reposiciona-se em seu lugar. E acompanha até perder de vista aquela sofrida imagem com a alegria mais radiante que nunca outrora havia presenciado. Apenas aqueles olhos importavam apenas aquele brilho, cheio de fé, cheio de vida, cheios de luz.
Fig.: A Primavera, 1478, Botticelli. 203 cm x 314 cm. Galeria Uffizi, Florença
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quarta-feira, junho 3
Não somente um Kami-case
Lá em baixo, repousastes os olhos da águia americana. Seu poder, sua força bem embaixo do nosso orgulho e nossa honra. Se não posso ter a conquista, alcançarei então a honra. Jogo-me nesses mares infindos pelo meu país. Reservo-me de viver e, encontro minha identidade para além desses limites. Se olhar para trás vejo que ninguém me chama, mas se para frente olho, o que vejo são os clamores do Oráculo Fundador da minha nação. Minha submissão é uma manifestação natural da minha alma, porque minha nação e a natureza são tão unidas como um. Tenho um orgulho corrente no meu sangue cultivado pelo musubi, e essa é até então a força vitalícia harmônica da minha vida. Preparo-me para o auge da harmonia em sacrifício da vida e submissão ao Imperador. Compartilho a explosão de cólera decorrente de um orgulho ferido, manifestado em irreconhecíveis expressões aos olhares de um outro. Aquelas águias lá em baixo me parecem imóveis, somente seus olhares me avassalam. Ora, eu também sou águia, mas fui cegada. Não tenho mais o poder de ver enquanto eles ainda o possuem. Isso dói, decepciona e humilha. Nunca [mesmo não aqui] hei de esquecer o que ocorreu nesses tempos de Pacifico. Não trago dor e renovar-me-ei na imensidão dessas águas. O Pacífico me abraçará numa paz grandiosa, "suportando o insuportável", descansando. Águas que me adotaram por toda minha vida, irão sempre proteger minha terra onde reina o saudoso passado samurai. Rendimento e Remissão. Males trazidos pelos conceitos do outro lado que já nem mais sei. Somente as imagens de vitória refletem incessantemente na minha memória. Render-me-ei somente e só, ao meu povo. Não chorarei. Banzai.
Fig.: TAMURA Soryu (1903) Echigo Seashore Landscape oil on silk; six-panel folding screen The National Museum of Modern Art, Kyoto
terça-feira, junho 2
segunda-feira, junho 1
Inútil a gente somos é muito útil.
A gente somos é muito útil
Pra violentar mulher, criança e jornalista X-9.
A gente somos é muito útil
Pra alojar contentos e desalojar sem teto.
A gente somos é inútil
Pra dar nome as ruas da África que não tem ninguém nem nada pra homenagear
A gente somos é muito útil
Pra fingir que não tem nada haver propagar o preconceito do vizinho doutro mundo.
A gente somos é muito útil
Pra criar fadiga e pra criar dor
A gente somos é inútil
Pra fazer a tarefa da gente
A gente somos é muito útil
Pra pixá a cidade e assaltá o trabalhador
A gente somos é muito útil
Pra falar que a culpa do outro e só eleger e não governar
A gente somos é inútil
Pra afirmar que o mundo vai ficar bom
A gente é mesmo muito inútil.
Afinal, a gente somos agente,
a gente somos a gente.
Fig.: Os Fuzilamentos de 3 de maio de 1808 (1814-1815), de Francisco Goya. 263,5 cm x 410 cm. Museu do Prado, Madri.
sábado, maio 30
Espaço Estratégico na Mémoria do Tempo
O silêncio do quarto faz salientar a música cantarolada pelos ponteiros do relógio. Bona sempre gostou da parte em que entregava seu eu àquela sinfonia dos deuses nada angustiante para ela. No fio de luz que a faz enxergar seu quadro, ela conversa com Napoleão que a ensina a ciência do emprego do tempo e do espaço – a estratégia. TIC, o tempo perdido, TAC, jamais pode ser resgatado. TIC, esse é um segundo, TAC, esse já não o é mais. Ela se sente num imenso mar de desperdício de tempo, bem no redemoinho que suga todas as gotas de segundo que a presenteia.
Aquele pingo d’água trouxe a esperança do futuro e a renovação do presente. Para ela realmente nada daquilo era tempo perdido. Seu espaço era sempre limitado, mas seu tempo era sempre infinito. Ela fazia seu tempo, e o tempo fazia ela. Estrategicamente. Talvez fosse isso o porquê dos outros não saberem utilizar seu próprio tempo tanto quanto ela. Não era privilégio, era estratégia e era arte só porque era também, ciência.
Ela tinha um céu estrelado em seu quarto e sempre dormia num céu com diamantes. Era só jogar luz no mesmo globo que é usado onde as pessoas se divertem. As luzes ao redor faziam um ambiente maravilhoso para ter belos sonhos. Tirava algum tempo para ao invés de tê-los, trocar seu globo solitário para ver os outros se divertindo. Tinha um imenso prazer em interromper seu balançado e simplesmente olhar os esqueletos se mexendo a sua volta. Ela sempre achou esse momento o máximo. Um máximo no finito que é nada mais nada menos que nada pouco. O tempo e um espaço, sustentado por um ritmo além dos segundos de um relógio. Por isso, o tempo perdido não pode ser resgatado como o tempo.
Por um momento ela deixou de ser jovem e quando voltou, com medo ficou de estar velha. Será que com mais idade teria perdido a noção do tempo? E quanto ao espaço, será que ainda continuaria sendo mesmo? Pelo sim ou pelo não, a infinitude estava naquela sinfonia dos deuses. Por isso, pelo agora ou pelo sempre, pelo tempo ou pelo espaço, talvez ela continuaria agindo da mesma forma. Não era privilégio, era estratégia e era arte porque era também, ciência.
Aquele pingo d’água trouxe a esperança do futuro e a renovação do presente. Para ela realmente nada daquilo era tempo perdido. Seu espaço era sempre limitado, mas seu tempo era sempre infinito. Ela fazia seu tempo, e o tempo fazia ela. Estrategicamente. Talvez fosse isso o porquê dos outros não saberem utilizar seu próprio tempo tanto quanto ela. Não era privilégio, era estratégia e era arte só porque era também, ciência.
Ela tinha um céu estrelado em seu quarto e sempre dormia num céu com diamantes. Era só jogar luz no mesmo globo que é usado onde as pessoas se divertem. As luzes ao redor faziam um ambiente maravilhoso para ter belos sonhos. Tirava algum tempo para ao invés de tê-los, trocar seu globo solitário para ver os outros se divertindo. Tinha um imenso prazer em interromper seu balançado e simplesmente olhar os esqueletos se mexendo a sua volta. Ela sempre achou esse momento o máximo. Um máximo no finito que é nada mais nada menos que nada pouco. O tempo e um espaço, sustentado por um ritmo além dos segundos de um relógio. Por isso, o tempo perdido não pode ser resgatado como o tempo.
Por um momento ela deixou de ser jovem e quando voltou, com medo ficou de estar velha. Será que com mais idade teria perdido a noção do tempo? E quanto ao espaço, será que ainda continuaria sendo mesmo? Pelo sim ou pelo não, a infinitude estava naquela sinfonia dos deuses. Por isso, pelo agora ou pelo sempre, pelo tempo ou pelo espaço, talvez ela continuaria agindo da mesma forma. Não era privilégio, era estratégia e era arte porque era também, ciência.
Fig.: A Persistência da Memória (1931) , de Salvador Dalí. 24 x 33 cm. The Museum of Modern Art, New York.
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